Agora que as questões económicas andam mais nas bocas do povo, por razões que não são as melhores - muito pelo contrário! - acabamos de aprofundar os nossos conhecimentos em matéria de dinheiro e do seu aparecimento nos nossos bolsos. Numa teoria de trazer por casa, vemos que há dinheiro com suporte real e um outro que nasce do sonho dos seus mentores, que o inventam a torto e a direito.
No primeiro caso, a moeda tem valor por si mesma, estando coberta por bens seguros. No segundo, não passa de uma miragem, suportada por " produtos " que voam à velocidade da luz: hoje podem ser apetecíveis e com força capaz de se segurarem, enquanto amanhã desaparecem sem deixar rasto.
Ou seja, quando se avalia a economia em função daquilo que não tem existência física, mais cedo ou mais tarde, o desastre virá a acontecer. Faz-nos lembrar uma espécie de conto do vigário em que se propõe a venda de prédios em papel, não correspondendo estes a qualquer realidade.
Ao que parece foi isto que aconteceu por esta altura, negra, quase trágica: sem alicerces, sem pedras, sem casas, sem licenças, sem saber de onde viria a contrapartida, engendraram-se miragens financeiras, alienaram-se bolas de sabão, negociou-se o visível e o invisível e o dinheiro, estendido por elásticos bem frágeis, não pôde aparecer, na altura em que dele se precisou, a sério.
Sem capacidade de mostrar aquilo que foi " oferecido" como o futuro dos futuros, nem este se conseguiu, nem o presente deu as uvas que era suposto ver nas videiras. Sem matéria-prima, agarrou-se em água e esperou-se pelo milagre, mas, desta vez, este ficou pelo caminho.
Agora, sem moeda e sem bens, todos gritam e ninguém tem razão, dando-se lugar às falências em cadeia, como se o mundo, todo ele, nesta globalização de dois bicos, fosse um imenso castelo de cartas, que se desmorona com um pequeno sopro. Para tentar impedir esta derrocada, eis que, no local da origem de toda esta borrasca, surge o programa " salvador". Oxalá, então, que da América venham as uvas, que a água, que se pretendia apresentar como vinho, até existe, mas, neste caso, é moeda falsa, é fumo sem fogo, é casa de cartão, que o vento leva para longe, de onde nunca mais voltará.
Talvez seja o tempo ideal para se repensar todo o sistema financeiro, dando-lhe solidez, credibilidade e segurança. Isto está mau demais para se continuar na mesma cepa torta.
sábado, 4 de outubro de 2008
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Tarde de OutonoA
Aqui postado à varanda, a olhar a serra, que me traz boas ondas, ponho-me a pensar naquilo que se passa do outro lado do Atlântico, onde, no reino dos reinos, este Outono vai de mal a pior, porque desabam todos os prédios financeiros e, talvez, um efeito de "tsunami" venha por aí fora, submergindo tudo e todos...
Numa terra que tem sido uma espécie de sonho para toda a colher, afinal nem sempre é assim: quando os homens não querem, os deuses escrevem outras escrituras e o terramoto aparece. Foi assim em 1929, esperando-se que essa trágica história se não repita. Então, a banca desfez-se, as poupanças eclipsaram-se, o mundo ficou depenado e a fome, o desemprego - e, mais tarde, a guerra - ditaram as suas leis.
Hoje, os representantes do povo ainda dormem sobre a derrota da proposta presidencial, que, dizem, traria a bonança, ou, pelo menos, a anestesia. Mas outras esferas vieram a impor-se, porque os tempos futuros são de eleições e os frios cálculos não deixam de suplantar tudo aquilo que, até, poderia ser um poço de virtudes, um pano quente nas dores financeiras que a América sente e o mundo, por inteiro, muito teme.
Nesta roda global, nada fica de fora.
Da China - que talvez venha a lucrar com tudo isto, por ser credora líquida dos EUA - nem o leite foge à regra de uma escalada mundial de triste memória. Da América, é o que se vê. Da Europa, mesmo da União, por mais que se esforce o presidente francês, ainda pouco se passa de uma manta de retalhos: todos falam e nenhuma solução de fundo e em conjunto se vê surgir.
Do mundo, que é de todos nós, pouco se espera de bom, por este andar.
Vale-me a minha varanda, a minha serra e a água que corre - e essa nunca pára - nos regatos da minha aldeia. Até quando? Essa é que é a grande questão.
Numa terra que tem sido uma espécie de sonho para toda a colher, afinal nem sempre é assim: quando os homens não querem, os deuses escrevem outras escrituras e o terramoto aparece. Foi assim em 1929, esperando-se que essa trágica história se não repita. Então, a banca desfez-se, as poupanças eclipsaram-se, o mundo ficou depenado e a fome, o desemprego - e, mais tarde, a guerra - ditaram as suas leis.
Hoje, os representantes do povo ainda dormem sobre a derrota da proposta presidencial, que, dizem, traria a bonança, ou, pelo menos, a anestesia. Mas outras esferas vieram a impor-se, porque os tempos futuros são de eleições e os frios cálculos não deixam de suplantar tudo aquilo que, até, poderia ser um poço de virtudes, um pano quente nas dores financeiras que a América sente e o mundo, por inteiro, muito teme.
Nesta roda global, nada fica de fora.
Da China - que talvez venha a lucrar com tudo isto, por ser credora líquida dos EUA - nem o leite foge à regra de uma escalada mundial de triste memória. Da América, é o que se vê. Da Europa, mesmo da União, por mais que se esforce o presidente francês, ainda pouco se passa de uma manta de retalhos: todos falam e nenhuma solução de fundo e em conjunto se vê surgir.
Do mundo, que é de todos nós, pouco se espera de bom, por este andar.
Vale-me a minha varanda, a minha serra e a água que corre - e essa nunca pára - nos regatos da minha aldeia. Até quando? Essa é que é a grande questão.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Alerta, emigrantes
Por esse mundo fora, andam, em luta árdua e afirmação de portugalidade, milhões de compatriotas nossos, talvez a rondar um número igual a metade da população que vive em território nacional. Sendo muitos, são também dos melhores. Merecem-nos, por isso e por uma questão de humanismo militante, o maior dos respeitos e considerações.
Quem conhece essa realidade, dura, mas real, de viver com o coração na terra-mãe e o trabalho em cantos tão distantes, bem pode avaliar o que para essa gente representa a ligação às suas origens.
Votar, ou poder fazê-lo, nas eleições diversas, nomeadamente nas legislativas, é um imperativo que devemos assumir. Mas escrevê-lo nos papéis e recusá-lo na prática não passa de um tremendo e grosseiro embuste, uma espécie de dar com uma mão e tirar com a outra.
O que se está a propôr, em sede parlamentar, por inciativa do PS, é uma grossa ameaça à possibilidade de exercer esse dever de cidadania, quando, por um qualquer capricho, se pretende retirar o voto por correspondência. Numa altura em que os consulados dimuíram e as distâncias aumentaram, em relação aos locais de residência, esta ideia bizarra é mais um rude golpe que se desfere sobre quem, por força do destino, já arrasta a cruz de saber que o seu Portugal, lá longe, se prepara para ainda os desviar mais da sua terra.
No momento em que se espalham, em velocidade-luz, as novas tecnologias, ao invés de se cortar este direito, com mais de trinta anos, dever-se-ia enveredar pelo acentuar destes métodos, para alargar o campo dos recenseados e da participação eleitoral.
Assim, em vez de se pensar em retirar esta possibilidade de exercício do voto, ainda que por correspondência, o caminho deveria ter um sentido diferente: ampliar o seu uso, por novas vias.
Mas não é isso que está a acontecer. Se esta mensagem ainda for a tempo, que ela se associe a todos os gritos que visam evitar mais um erro, mais uma ofensa aos nossos emigrantes.
Quem conhece essa realidade, dura, mas real, de viver com o coração na terra-mãe e o trabalho em cantos tão distantes, bem pode avaliar o que para essa gente representa a ligação às suas origens.
Votar, ou poder fazê-lo, nas eleições diversas, nomeadamente nas legislativas, é um imperativo que devemos assumir. Mas escrevê-lo nos papéis e recusá-lo na prática não passa de um tremendo e grosseiro embuste, uma espécie de dar com uma mão e tirar com a outra.
O que se está a propôr, em sede parlamentar, por inciativa do PS, é uma grossa ameaça à possibilidade de exercer esse dever de cidadania, quando, por um qualquer capricho, se pretende retirar o voto por correspondência. Numa altura em que os consulados dimuíram e as distâncias aumentaram, em relação aos locais de residência, esta ideia bizarra é mais um rude golpe que se desfere sobre quem, por força do destino, já arrasta a cruz de saber que o seu Portugal, lá longe, se prepara para ainda os desviar mais da sua terra.
No momento em que se espalham, em velocidade-luz, as novas tecnologias, ao invés de se cortar este direito, com mais de trinta anos, dever-se-ia enveredar pelo acentuar destes métodos, para alargar o campo dos recenseados e da participação eleitoral.
Assim, em vez de se pensar em retirar esta possibilidade de exercício do voto, ainda que por correspondência, o caminho deveria ter um sentido diferente: ampliar o seu uso, por novas vias.
Mas não é isso que está a acontecer. Se esta mensagem ainda for a tempo, que ela se associe a todos os gritos que visam evitar mais um erro, mais uma ofensa aos nossos emigrantes.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Enfim, uma prenda
Habituados a andar sempre no banco de trás de todos os transportes, quando se fala de estatísticas, agora acabámos de receber uma boa notícia, que serve, um pouco, para atenuar as ondas de pessimismo que têm varrido as nossas costas.
Isto de termos ganho um galardão europeu, uma espécie de " óscar " do turismo de bitola caseira, enche-nos de orgulho, o que não deixa de ser uma boa ideia. Com efeito, a votação de 167000 profissionais do sector escolheu Portugal como o melhor da Europa, quanto a Organismos Oficiais de divulgação dessa importante área económica, social e patrimonial.
Quando são escassas as referências positivas a nosso respeito, acolher este troféu vem mesmo a calhar. Se a natureza nos dotou de graças sem fim, em paisagem, gastronomia, património, clima, bons serviços e instalações, este feito divulgador, agora premiado, aparece como a cereja em cima de um bolo, que é sempre apetecível.
Com isto, até esquecemos que as finanças americanas estão de rastos e que os reflexos dessa crise aqui chegarão, assim como tudo aquilo que derruba mais do que constrói.
Valha-nos, ao menos, esta alegria, que implica uma acrescida responsabilidade: trazer os turistas, sobretudo aqueles que são capazes de gerar riqueza, porque de diplomas não se vive, por mais paredes que venham a emoldurar. Sendo um estímulo, precisam de despoletar acção e muita acção.
Isto de termos ganho um galardão europeu, uma espécie de " óscar " do turismo de bitola caseira, enche-nos de orgulho, o que não deixa de ser uma boa ideia. Com efeito, a votação de 167000 profissionais do sector escolheu Portugal como o melhor da Europa, quanto a Organismos Oficiais de divulgação dessa importante área económica, social e patrimonial.
Quando são escassas as referências positivas a nosso respeito, acolher este troféu vem mesmo a calhar. Se a natureza nos dotou de graças sem fim, em paisagem, gastronomia, património, clima, bons serviços e instalações, este feito divulgador, agora premiado, aparece como a cereja em cima de um bolo, que é sempre apetecível.
Com isto, até esquecemos que as finanças americanas estão de rastos e que os reflexos dessa crise aqui chegarão, assim como tudo aquilo que derruba mais do que constrói.
Valha-nos, ao menos, esta alegria, que implica uma acrescida responsabilidade: trazer os turistas, sobretudo aqueles que são capazes de gerar riqueza, porque de diplomas não se vive, por mais paredes que venham a emoldurar. Sendo um estímulo, precisam de despoletar acção e muita acção.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Jogos, venham outros
Passada que foi a fase e a febre dos Jogos Olímpicos, importa que, serenamente, saibamos tirar conclusões e não andar para aí com ar cabisbaixo, carrancudos, como se ali se tivesse assistido ao traçar do nosso próprio destino. Nada disso. Tratou-se apenas de um alto momento de desporto, com uma tradição que sabe bem apreciar e reter, para nunca a perder. Foi só isto que se viveu em Pequim. Nada mais, a não ser um certo gosto em mostrar, às vezes, mais olhos que barriga, ou até gato por lebre...
Quanto a Portugal, é certo que ficamos um pouco desiludidos com as nossas prestações. Mas, ao fim e ao cabo, nem ficámos atrás de outras edições e ressuscitámos mesmo a conquista do ouro, somando agora quatro desses saborosos troféus e glórias, um feito que, em nossa casa, é de uma raridade já conhecida... Querer outros resultados é legítimo e não deixa de ser até uma chamada de atenção para tempos futuros, mas alguma e sábia ponderação é urgente e necessária...
Afinal, só 52 países, em 205 representações, lograram vir de amarelo vestido, alguns carregados de fatos, outros com bem menos roupa, isso é certo. E só 81 se viram com uma qualquer medalha ao peito.
Por outro lado, o desnível populacional e de rendimento per capita ( PIB ) é medonho. Assim a China, para cem medalhas, oferece uma população de mais de mil e trezentos mil milhões de habitantes, com um PIB de 6200 dólares, os EUA, com 110 troféus, partem com cerca de trezentos milhões de pessoas e 42000 dólares de PIB, mas já a Jamaica, com apenas 2 milhões e oitocentas mil almas e um fraco PIB de 4200 dólares, foi capaz de arrecadar 11 círculos metálicos.
Impressionante são as montras do Quénia e da Etiópia, que, por entre uma miséria de PIB, mormente 1200 e 800 dólares, respectivamente, mostraram as proezas que de todos são conhecidas.
À nossa escala, por assim dizer, ficámos muito distantes da Hungria ( 9900000/16100), da Noruega ( 4700000/42400), de Cuba ( 11400000/3300), da República Checa e da Bielorrússia, mas à frente, por exemplo, da Índia, da Suécia, da Áustria, da Irlanda, da Venezuela, isto para só citar alguns casos, como é óbvio.
Não correram bem os Jogos de Pequim? Claro que não, mas não cai, por isso, o Carmo e a Trindade. Pior são os outros indicadores que atormentam e flagelam os nossos recentes dias, para não nos deixar, aí sim, despreocupados.
Jogos? Em 2012, em Londres, há mais.
Mas sossego, calma e tranquilidade são factores que escasseiam e nos põem com os nervos em franja. Esses é que nos tiram o sono, não os tropeções e as quedas dadas em matéria de desporto, que tem de ser sempre relativizado.
Antes de terminar, é de bom som e de bom tom que enderecemos os nossos vivos parabéns, apesar de tudo, aos nossos briosos atletas, sobretudo Nelson Évora e Vanessa Fernandes, sem esquecer todos os outros, mesmo aqueles que tiveram grande azar ou escorregaram no piso molhado de um momento que nunca se sabe como vai ser vivido. Precisamente porque só assim é que é desporto.
Quanto a Portugal, é certo que ficamos um pouco desiludidos com as nossas prestações. Mas, ao fim e ao cabo, nem ficámos atrás de outras edições e ressuscitámos mesmo a conquista do ouro, somando agora quatro desses saborosos troféus e glórias, um feito que, em nossa casa, é de uma raridade já conhecida... Querer outros resultados é legítimo e não deixa de ser até uma chamada de atenção para tempos futuros, mas alguma e sábia ponderação é urgente e necessária...
Afinal, só 52 países, em 205 representações, lograram vir de amarelo vestido, alguns carregados de fatos, outros com bem menos roupa, isso é certo. E só 81 se viram com uma qualquer medalha ao peito.
Por outro lado, o desnível populacional e de rendimento per capita ( PIB ) é medonho. Assim a China, para cem medalhas, oferece uma população de mais de mil e trezentos mil milhões de habitantes, com um PIB de 6200 dólares, os EUA, com 110 troféus, partem com cerca de trezentos milhões de pessoas e 42000 dólares de PIB, mas já a Jamaica, com apenas 2 milhões e oitocentas mil almas e um fraco PIB de 4200 dólares, foi capaz de arrecadar 11 círculos metálicos.
Impressionante são as montras do Quénia e da Etiópia, que, por entre uma miséria de PIB, mormente 1200 e 800 dólares, respectivamente, mostraram as proezas que de todos são conhecidas.
À nossa escala, por assim dizer, ficámos muito distantes da Hungria ( 9900000/16100), da Noruega ( 4700000/42400), de Cuba ( 11400000/3300), da República Checa e da Bielorrússia, mas à frente, por exemplo, da Índia, da Suécia, da Áustria, da Irlanda, da Venezuela, isto para só citar alguns casos, como é óbvio.
Não correram bem os Jogos de Pequim? Claro que não, mas não cai, por isso, o Carmo e a Trindade. Pior são os outros indicadores que atormentam e flagelam os nossos recentes dias, para não nos deixar, aí sim, despreocupados.
Jogos? Em 2012, em Londres, há mais.
Mas sossego, calma e tranquilidade são factores que escasseiam e nos põem com os nervos em franja. Esses é que nos tiram o sono, não os tropeções e as quedas dadas em matéria de desporto, que tem de ser sempre relativizado.
Antes de terminar, é de bom som e de bom tom que enderecemos os nossos vivos parabéns, apesar de tudo, aos nossos briosos atletas, sobretudo Nelson Évora e Vanessa Fernandes, sem esquecer todos os outros, mesmo aqueles que tiveram grande azar ou escorregaram no piso molhado de um momento que nunca se sabe como vai ser vivido. Precisamente porque só assim é que é desporto.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Lisboa sem gente
Esta cidade de luz e cor, cheia de encantos mil, a nossa Lisboa mostra em Agosto uma cara diferente. Sem grande movimento, aquilo é um mimo para se andar, para a contemplar e a absorver.
Naquele dia quinze, o tempo de todas as festas e saídas, a capital resplandece de encanto. Consegue mesmo dar-nos a ideia do país em equilíbrio, quando se vê despida da carga de gente a mais, de carros aos montes e aos pontapés, porque se despejou para o Minho, para as Beiras, para o Alentejo, para Trás-os-Montes, que o Algarve, esse, é um destino de uma outra índole, por cheirar a turismo de rompantes, de verões atulhados de cotovelos e de sol, muito sol.
Naquele dia, só as redondezas do Estádio da Luz nos diziam que, afinal, estávamos mesmo em Lisboa... Quanto aos demais espaços, o milagre do sossego fora conseguido.
Com a cidade dessa forma, Portugal via-se povoado como deve ser: todo ele a mostrar-se uma terra, afinal, com direito a viver um tempo digno, sem atropelos, sem montanhas descontroladas de povo sem alma, por andar num corre-corre, mas distribuído de norte a sul e de leste a oeste, isto é, sem as assimetrias que tanto o condenam ao desnvolvimento desequilibrado e vesgo.
Com Lisboa mais magra, com um corpo apetecível, por também não ser esquelético, a nação, no seu todo, pelo contrário, engorda mais um pouco, oferecendo um aspecto bem mais agradável. Despovoa-se a capital, ganha o reino, no seu todo...
Eusébio, nesse dia quinze, era um HOMEM feliz: numa Lisboa nova, a de Agosto, a Luz dava-lhe mais um pouco do muito que merece.
Na China, lá muito longe, outros portugueses davam ao mundo o pouco ou o muito que são capazes de pôr em prática. Mas disso falaremos mais tarde, quando as férias estiverem a terminar.
Lisboa, em quinze de Agosto, entrou-nos mais no coração, onde tem sempre um lugar marcado, aliás.
Naquele dia quinze, o tempo de todas as festas e saídas, a capital resplandece de encanto. Consegue mesmo dar-nos a ideia do país em equilíbrio, quando se vê despida da carga de gente a mais, de carros aos montes e aos pontapés, porque se despejou para o Minho, para as Beiras, para o Alentejo, para Trás-os-Montes, que o Algarve, esse, é um destino de uma outra índole, por cheirar a turismo de rompantes, de verões atulhados de cotovelos e de sol, muito sol.
Naquele dia, só as redondezas do Estádio da Luz nos diziam que, afinal, estávamos mesmo em Lisboa... Quanto aos demais espaços, o milagre do sossego fora conseguido.
Com a cidade dessa forma, Portugal via-se povoado como deve ser: todo ele a mostrar-se uma terra, afinal, com direito a viver um tempo digno, sem atropelos, sem montanhas descontroladas de povo sem alma, por andar num corre-corre, mas distribuído de norte a sul e de leste a oeste, isto é, sem as assimetrias que tanto o condenam ao desnvolvimento desequilibrado e vesgo.
Com Lisboa mais magra, com um corpo apetecível, por também não ser esquelético, a nação, no seu todo, pelo contrário, engorda mais um pouco, oferecendo um aspecto bem mais agradável. Despovoa-se a capital, ganha o reino, no seu todo...
Eusébio, nesse dia quinze, era um HOMEM feliz: numa Lisboa nova, a de Agosto, a Luz dava-lhe mais um pouco do muito que merece.
Na China, lá muito longe, outros portugueses davam ao mundo o pouco ou o muito que são capazes de pôr em prática. Mas disso falaremos mais tarde, quando as férias estiverem a terminar.
Lisboa, em quinze de Agosto, entrou-nos mais no coração, onde tem sempre um lugar marcado, aliás.
sábado, 2 de agosto de 2008
Açores: meio tempo no canal
Terras de encanto, os Açores, um paraíso vivo em pleno Atlântico, converteram-se nos últimos dias em foco de aparente polémica: uma comunicação oficial, cheia de carácter presidencial e de uma acrescida pompa, oriunda da voz escutada do Professor Cavaco Silva, em pose funcional, colocou estas ilhas numa outra ordem dos seus dias...
Sendo este um espaço de que muito se fala pelo seu anticiclone e pela sua requintada beleza, desta vez mereceu honras de um outro cenário: o boletim meteorológico foi bem diferente, trazendo uma carga de política e de muitos trabalhos de adivinhado gabinete.
Com o desejo de avançar muito para além daquilo que é seu espólio conseguido, quiseram as autoridades regionais vir a serem dotadas de um documento que lhes enchesse muito melhor a barriga esfomeada. Atirado para a fogueira o novo projecto de estatuto, nem os deputados nacionais nele descobriram sinais de eventual tempestade. "Anjinhos" em matéria de autonomia, bateram-lhe palmas e, em festa colectiva, lá o deixaram passar.
Atento estava Sua Excelência o Senhor Presidente da República, endossando esse atrevido documento para o douto Tribunal Constitucional. Dada uma olhadela pelo seu conteúdo, logo se detectaram umas tantas falhas. Vendo ainda muito mais do que estas, o Professor Cavaco Silva entendeu vir às televisões, em hora nobre e de grandes audiências, mostrar aquilo que poderia caber numa carta a enviar à Assembleia da República. Porque não foi essa a leitura, a rabecada saltou de cima para baixo, depois de um dia de múltiplas cogitações e outras tantas inquietações nacionais.
Dito e feito. Com o ciclone à solta, agora é um ver-se-te-avias em matéria de discussão e especulação.
Se somos de opinião que aquelas posturas eram uma forma de minar as competências presidenciais e de criar desníveis institucionais, não estamos à altura de perceber a sonoridade e solenidade deste " Alerta", mas não nos abespinhamos com o seu aparecimento, porque nele descobrimos um direito inquestionável ao seu uso. Só o vemos como fato sem medida para as nossas modas, mas essa é outra conversa...
Sendo este um espaço de que muito se fala pelo seu anticiclone e pela sua requintada beleza, desta vez mereceu honras de um outro cenário: o boletim meteorológico foi bem diferente, trazendo uma carga de política e de muitos trabalhos de adivinhado gabinete.
Com o desejo de avançar muito para além daquilo que é seu espólio conseguido, quiseram as autoridades regionais vir a serem dotadas de um documento que lhes enchesse muito melhor a barriga esfomeada. Atirado para a fogueira o novo projecto de estatuto, nem os deputados nacionais nele descobriram sinais de eventual tempestade. "Anjinhos" em matéria de autonomia, bateram-lhe palmas e, em festa colectiva, lá o deixaram passar.
Atento estava Sua Excelência o Senhor Presidente da República, endossando esse atrevido documento para o douto Tribunal Constitucional. Dada uma olhadela pelo seu conteúdo, logo se detectaram umas tantas falhas. Vendo ainda muito mais do que estas, o Professor Cavaco Silva entendeu vir às televisões, em hora nobre e de grandes audiências, mostrar aquilo que poderia caber numa carta a enviar à Assembleia da República. Porque não foi essa a leitura, a rabecada saltou de cima para baixo, depois de um dia de múltiplas cogitações e outras tantas inquietações nacionais.
Dito e feito. Com o ciclone à solta, agora é um ver-se-te-avias em matéria de discussão e especulação.
Se somos de opinião que aquelas posturas eram uma forma de minar as competências presidenciais e de criar desníveis institucionais, não estamos à altura de perceber a sonoridade e solenidade deste " Alerta", mas não nos abespinhamos com o seu aparecimento, porque nele descobrimos um direito inquestionável ao seu uso. Só o vemos como fato sem medida para as nossas modas, mas essa é outra conversa...
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