quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Combatentes do Ultramar com homenagem em Oliveira de Frades

Combatentes de Oliveira de Frades recordados Município constrói monumento em sua homenagem CR A história dos homens é inscrita em muitas de suas páginas com uma cor pesada, negra, triste e dolorosa. Sem irmos muitos para trás, o século XX foi, nesse campo, dos mais trágicos de sempre. Começou com a 1ª Guerra Mundial, prosseguiu com a chamada Gripe Espanhola, com a 2ª Grande Guerra, com o conflito das Coreias, com a Guerra do Vietname e, no que a Portugal diz respeito, com a Guerra do Ultramar, entre os anos de 1961 e 1975. É este o período que hoje queremos retratar porque o município de Oliveira de Frades, a pedido de uma Comissão constituída há uns anos, tem em execução um Monumento de Homenagem aos Militares que andaram pelas matas e terras de África nessa época. Situado na Rotunda que liga a estrada de S. Vicente de Lafões à Feira, é da autoria do arquitecto e engenheiro José Paulo Loureiro, técnico superior daquela edilidade. Na respectiva memória descritiva, confessa que pretendeu reconhecer e honrar “todos aqueles que partiram sem nada pedirem”, como que “roubados aos campos, às famílias, às vidas, para embarcarem numa aventura que não queriam, nem pediram, mas a que foram obrigados”. Constituído este monumento por vários módulos, mostra um padrão central que nos conduz ao país dos descobrimentos, passando pelas lápides, pelas paredes soltas e pelas placas verticais com a referência aos territórios onde se desenrolou este capítulo da nossa história colectiva, como Angola, Guiné e Moçambique, numa “montagem mnemónica” Em complemento deste acto de gratidão e justiça para com os cerca de 90% de jovens que para ali foram mobilizados, na ordem de 1400000, vários deles deste concelho de Oliveira de Frades e de cada uma de suas freguesias e localidades, pretende-se ainda e sobretudo não esquecer, em números redondos, os 9000 mortos, os 30000 feridos, os 140000 militares que ainda sofrem distúrbios pós-traumáticos, a que se deve juntar toda uma comunidade civil que também foi amplamente fustigada por esta guerra. Como se registará neste local de homenagem, Oliveira de Frades contribuiu, em mortes, com o sangue de alguns de seus rapazes que ali perderam a vida e também com uma série de feridos que ainda hoje sofrem essas marcas nos seus doridos corpos. Num processo que, nesses mesmos anos, começara com a anexação da Índia portuguesa na União Indiana e prosseguiu, já depois, com a tomada de Timor pela Indonésia, são muitas as páginas que se podem escrever sobre este conturbado e doloroso périodo da nossa história nacional. Por importar que se não esqueçam esses tempos, é que Oliveira de Frades, através de uma acção levada a cabo pela Câmara Municipal, está a erguer este memorial. Diga-se, entretanto, que a freguesia de Ribeiradio já há anos avançou com uma ideia deste género que aqui se regista e se louva também. Andando a gente que por lá passou na faixa etária dos setenta e oitenta anos, ou mais, este tributo é como que uma forma de lhes dizer “bem haja” pelos sacrifícios vividos e pelo contributo que deram ao país que somos todos nós. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Dez 2020

Carvalhal de Vermilhas uma terra pequena mas com grande corpo histórico

Carvalhal de Vermilhas com lugar na história Terra pequenina, mas dela rezam os livros e com boas razões CR De vez em quando, gostamos de dar uma volta pelas lombadas dos livros que temos espalhados um pouco pelos diversos cantos da casa. Para não esquecer essas riquezas, nada melhor que essa operação de miradela sobre tais obras, umas que nos falam mais ao coração, outras à razão. De repente, lá nos apareceram os “ Apontamentos históricos sobre Carvalhal de Vermilhas, de Artur Pereira Martins, em edição do Município de Vouzela e da então Junta de Freguesia, 2007”. Com este trabalho, foi logo a emoção que veio ao de cima, a fazer lembrar tarefas ali desempenhadas nos anos oitenta do século passado. Juntou-se, depois, a vontade de redescobrir, pela investigação, esse território serrano, que no Caramulo tem parte da sua carga genética. Costuma dizer-se que dos pequeninos não reza a história, mas esta localidade desmente, de uma penada, esse provérbio popular. Talvez assim fosse antes do nosso Fernão Lopes ou do francês Marc Bloch, que, separados por séculos, vieram dizer-nos que o povo também é agente e sujeito do presente e do futuro que todos ajudamos a construir. Quanto a Carvalhal de Vermilhas, há todas as razões e mais algumas para que assim seja, desde que por ali andaram os povos pré-históricos, que nos legaram a monumental anta da Lapa da Meruje e também a da Malhada do Tojal Grande, já desfeita, aos romanos que povoaram os montes de inscrições diversas. Mais padastros foram os homens que vieram depois, porque se esqueceram de fazer estradas, pelas quais tanto lutou, na sua diáspora, o Artur Pereira Martins e tantos outros seus conterrâneos. Metida esta freguesia no meio da Serra, antes de ser autónoma, pertenceu a Cambra, onde voltou há tempos pela Lei n.11-A/2013, a célebre e bem contestada legislação das uniões de freguesias. Aos poucos, já no século XX, não teve uma, mas três escolas, uma no Carvalhal, que já tivera uma outra, uma em Vermilhas e, por fim, uma terceira a meio destes dois emblemáticos lugares, política também seguida para a construção da sua sede da Junta de Freguesia. Porém, antes, em 1884, fora instituída a cadeira da instrução primária Com referências em variados documentos nacionais, viram-se neles inscritos estes lugares do Carvalhal e de Vermilhas, nas Inquirições de 1258, no Cadastro de 1527, nas Memórias Paroquiais de 1758, entre outras páginas. Com picos populacionais nos anos de 1864 (569 habitantes), 1878 (641), 1890 (619), 1900 (631), 1911 (648), 1920 (604), 1930 (615), 1940 (624), inicia-se, desde esta data, uma curva descendente em matéria de residentes, para, em 2011, atingir o nível mínimo de 215 habitantes, havendo em 1950 (574), 1960 (522), 1970 (406), 1981 (309), 1991 (277), 2001 (229) e, como vimos, 2011 (215), número este inferior às 255 pessoas de 1758 em 65 vizinhos. Com a Igreja, dedicada a S. Simão, a ser construída em 1770 e o Cemitério em 1868/1869, conseguiu-se aqui pôr de pé uma residência paroquial em 1911, o que prova, com estes equipamentos, um desejo de afirmação e uma vontade de erguer uma identidade, forjada no querer e na vontade de seus habitantes. Pela triste marcha decadente dos diversos censos populacionais que se vem observando de dez em dez anos, a chaga do despovoamento é o maior dos problemas que aqui, tal como em tantos outros locais, se verifica. Mas, em Carvalhal de Vermilhas, as falhas foram uma constante durante séculos. Tanto assim é que, a propósito da fundação da Associação dos Amigos de Carvalhal de Vermilhas, datada do ano de 1964, onde não havia nem escola, nem electicidade, nem estrada, assim escreveu Artur Pereira Martins: “... A criação desta colectividade foi um grito de revolta, p. 76”, porque era grande o descontentamento perante tantas carências. Mas, entretanto, a freguesia de Carvalhal de Vermilhas, ainda que agora em união com Cambra, foi dando bons saltos, sobretudo a nível cultural. Com o seu nome a correr mundo, desde os anos 60 do século passado, pela dança e pelas vozes do seu Rancho Folclórico, parte do caminho feito fica a dever-se a essa instituição e ao saudoso “Zé do Terreiro”, de tão boa e gratificante memória. Outras páginas, um novo futuro Pegando nestas boas raízes, que em terra de carvalhos outra coisa não poderia ser, apareceu o Ecomuseu de Vermilhas, a Binaural-Nodar soube aqui construir projectos de alta qualidade, tais como o “Lugar sentido: Carvalhal”, de Cátia Rebelo e Luís Costa, e o CD/Livro “ Entre o campo e o céu”, tudo isto em franca cooperação com a nova Associação e com o Grupo de Cantares. Paralelamente, em acção do Município de Vouzela, aprofundou-se o estudo da anta da Lapa da Meruje, modernizou-se o espaço em volta, ligando-o à Barragem ali construída, dando-lhe uma feição turística, recreativa e cultural que fazem daquele local um novo pólo de atracção e de fruição das suas múltiplas valências. Anos antes, a nova estrada de ligação a Alcofra abrira novos horizontes, fazendo destas terras não apenas lugares de chegada e partida, mas também pontos de passagem para outras margens, nomeadamente no domínio dos transportes públicos. Com estas novas pedaladas, deseja-se e espera-se que Carvalhal de Vermilhas se atire para o futuro que passado tem-no e de bom quilate. Com a força que lhe pode trazer a sua integração no Parque Natural Vouga-Caramulo, com a dinâmica que se vem sentindo, há aqui matéria-prima e capacidade para se ir mais longe e mais alto, mesmo para cima dos 850 metros de altitude que estas terras ostentam na sua localização geográfica. Vamos a isso. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Dez 2020

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Ler na toponímia as nossas marcas: Oliveira de Frades confirma-o

Uma volta pela toponínia de Oliveira de Frades Das rainhas aos cientistas passando por tantas outras vivências CR Acabámos de dizer, há dias, que a toponímia é uma espécie de livro aberto sobre a vida de cada uma de nossas terras. Nessa altura, falávamos de Vouzela. Hoje vamos até ao concelho vizinho, Oliveira de Frades, agora, por triste sina, em maré vazia, porque integra a lista dos municípios (121) afectados pelas novas medidas de combate à Covid e esta é uma posição que ninguém gosta de ter ao seu alcance, mas acreditamos que isto vai passar. Infelizmente, nem para todos os desfecho é o melhor, longe disso. Para esses amigos que nos deixaram, que descansem em paz. Para seus familiares e amigos, sentidas condolências. Se esta é uma página negra do nosso presente, a da leitura da toponímia leva-nos para outros lugares e outras vivências, muito embora nem todas com sinal positivo, porque a tristeza é uma constante de nossas vidas. Mas aqui há muitas manifestações de alegria e de percursos de sucesso, como se poderá ver a seguir. Em diferentes capítulos, a mais recente das revisões e complementos levados a cabo, acrescentou novas designações e avançou para os espaços que entretanto se foram urbanizando, que este é um processo dinâmico e acompanha a força das mudanças que se vão verificando ao longo dos tempos. Porque são muitas as artérias, largos e outros recantos a classificar, optamos por agrupar muitos dos nomes sob a capa dos temas que retratam. Comecemos pela história mais geral, na Zona Industrial e noutros lugares: Rua do Mosteiro de Santa Cruz (Coimbra), entidade a quem, durante séculos, esta vila esteve tanto ligada e essa memória não se perde; Avenida Universidade de Coimbra, idem; Caminho da Roda, uma prática social de há séculos relacionada com a entrega das crianças à guarda de quem se sabia que ia tratar bem delas; Caminho de Santiago, o apóstolo; Caminho de Santo António, o nosso Santo; Rotunda do Couto de Ulveira, em referência ao estatuto especial e autonómico que o Rei D. Afonso Henriques concedeu à vila; Rua Albergaria de Reigoso, entidade criada nesses nossos primeiros tempos e a perdurar pelos séculos fora; Rua do Mosteiro de S. Cristóvão de Lafões, monumento e espaço localizado a curta distância da sede deste concelho; Travessa Senhora dos Milagres, etc. Num outro domínio, o da literatura e das artes, também são múltiplas e diversificadas as referências de âmbito nacional e internacional, mas com toques locais. Vejamos alguns casos: Rua António Gedeão (Rómulo de Carvalho), poeta, professor e cientista, que com sua esposa, Natália Nunes, também escritora, passou muitos tempos em Oliveira de Frades; Rua dos Escritores Lafonenses; Rua Jornal “ O Lafões”; Rua Professor António Figueirinhas, pedagogo e livreiro; Rua Professor Egas Moniz, Prémio Nobel da Medicina... Com as Ruas 7 de Outubro e Rainha D. Maria II, evoca-se a constituição definitiva do concelho de Oliveira de Frades, registando-o para sempre, deste o ano de 1837, depois de vários avanços e recuos. Curiosa é a Rua da Liberdade, que não precisou do 25 de Abril para assim se designar, que este seu nome já vinha de tempos anteriores. Com muita gente da terra a merecer ser destacada, apresentamos, por razões de espaço, apenas alguns nomes, a título de exemplo, neles homenageando também todos aqueles que aqui se não citam por agora. Ei-los: Avenida Dr. Armênio Maia e Avenida Eng. João Maia; Rotunda Dr. Diamantino Pires de Basto; Rua Dr. António Lopes Ferreira; Rua Dr. Manuel Ferreira Diogo; Rua Dr. Luís Faria, todos ex-presidentes de Câmara Municipal; Rua Adamastor Augusto Ferreira; Rua Fernando Escada, autarcas... No campo das empresas, aparece-nos logo a Rotunda dos Empresários; a Rotunda da Agricultura; o Beco dos Artesãos; a Rotunda das Artes e Ofícios; a Rotunda do Comércio; a do Turismo; a dos Peixeiros; referindo-se ainda várias figuras nas Rua Carlos Alberto Pereira da Silva, para, nele, destacar uma das actividades mais notáveis deste município, a avicultura; Rua Celestino Ferreira Martins, grande investidor e homem das Casas do Povo... Nas Avenidas Casa de Lafões, Comunidades Europeias, Migrações, dos Descobrimentos, alude-se à dimensão associativa que aqui tanto se preza. Uma a uma, na Zona Industrial, todas as doze antigas freguesias ali são lembradas. Também as tradicionais nomenclaturas, como o Beco do Mareco, a Rotunda da Tojeira, a das Chãs, o Beco da Remolha, a Rua Chão do Rio, a da Geriça, a da Moagem, a da Várzea, a da Seara, a da Passagem de Nível (...) mereceram menções especiais. Sem serem esquecidas todas as outras, estas notas servem apenas como forma de mostrarmos que a toponímia tem acrescida importância em cada uma de nossas localidades. Por isso, esta é uma prática que está a ser generalizada, e ainda bem, dentro e fora do espaço urbano da vila, espalhando-se por todo o concelho... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Nov 2020

Lafões, união e divisão e Covid pelo meio

es, in “NoLafões unido pela geografia e pelo sentimento Agora dividido pela Covid 19 CR Nestes dias de confinamento de fins de semana e de recolher obrigatório em quase duzentos municípios desde segunda-feira, dia 16, e 121 nos quinze dias anteriores, lembrámo-nos de, na tarde de domingo, dia 15, ir fazer um simples teste: procurar as linhas que dividem Lafões em zonas de emergência ou apenas de calamidade. Fomos procurá-as em dois locais de separação dos concelhos de Vouzela e Oliveira de Frades, entre Paços de Vilharigues e Cambra na sua ligação a S. Vicente em dois lados, Sernadinha e Cajadães. Nem um sinal de distinção física, nem algo que fizesse denotar qualquer separação. Houve, no entanto, um pormenor que nos fez ver que nem tudo era igual. Para não quebrarmos as regras da proibição de circular, num caso e noutro fizemos inversão de marcha e voltámos ao ponto de partida, a zona ainda livre dessas regras, Vouzela. Qual foi então essa diferença? Do lado de cá, viam-se as viaturas em movimento. Do lado de lá, no espaço temporal em que estivemos em observação, nem uma. Esta realidade de agora e de daqui a oito dias, fez-nos pensar no seguinte: sendo Lafões um todo natural, a explicação para estas divisões só pode ter origem em razões políticas e sanitárias e foi isso que aconteceu. Assim, desde há duas semanas, Oliveira de Frades, por ultrapassar a fasquia de infecções recomendada pela União Europeia, mais de 240 doentes por 100 mil habitantes, entrou logo, infelizmente, na tal lista negra. Desta escaparam Vouzela (e agora uma vez mais) e S. Pedro do Sul, que desde o dia 16 também, por triste sorte a sua, se veio a incluir nos 77 municípios que nela entraram, excluindo-se sete que dela saíram. Neste curto exercício no terreno, adoptámos a metodologia de irmos só para locais onde estas medidas se mostrassem opostas, como aconteceu com Oliveira de Frades e Vouzela. Quanto a S. Pedro do Sul, tal só se verificará na semana que vem. Extrapolámos depois para uma reflexão geral sobre esta nossa região de Lafões e, mais concretamente, estes três territórios, que há outras franjas de Sever do Vouga, Castro Daire e Viseu que não considerámos para esta análise. Com uma pequena “bíblia” à mão de semear, “ As antiguidades pre-históricas de Lafões, 1921”, do Professor Amorim Girão, nosso saudoso conterrâneo de Fataunços e ilustre geógrafo e académico da Universidade de Coimbra, aí lemos : “ ... É que, apostada en retalhar e descaracterizar o que de mais profundamente nacional existe no nosso país, a divisão administrativa tem contribuído, nas suas diversas vicissitudes, para sistematicamente fazer esquecer aquelas antigas designações regionais, correspondentes a outros tantos organismos bem individualizados, cujos aspectos dominantes assumem geralmente um cunho próprio, que por vezes se revela tanto na constituição geológica dos terrenos e nas formas de relevo e do clima, como nas diversas manifestações da actividade humana e da vida económica. Poi bem! (... ) Lafões... um todo homogéneo corresponde portanto a uma verdadeira região natural... constitui para nós uma pequena pátria... “ Uma região e, de novo, um concelho? Dito aquilo por quem sabia e tinha uma profunda noção de que esta nossa zona é esse “todo” de que nos falou, talvez já estivesse, implicitamente, a dar uma bofetada de luva branca nas divisões administrativas que, no século XIX, aos trambolhões, por aqui se fizeram, sobretudo nos seus idos anos trinta. Sem querermos, por agora, entrar na quente questão de uma possível reunificação administrativa, que consideramos matéria de alto melindre, há pormenores que, bem pensados e melhor desenhados, poderiam resolver parte de alguns problemas surgidos e até de sensibilidades feridas. Há dias, ao ouvir o Dr. Almeida Henriques, presidente da Câmara Municipal de Viseu, se bem entendi, posso manifestar-lhe o meu acordo quando, criticando as tabelas concelhias, dizia defender que tal se fizesse em relação a manchas regionais. Lafões bem poderia ser um campo para esse tipo de decisões, tão intricadas são as ligações entre todas estas nossas terras. Por outro lado, fazendo-se a média geral dos três municípios, talvez até se não atingissem os valores em causa. Queremos dizer que não fizemos qualquer estudo a esse respeito, estando apenas a falar em hipóteses. Também, e agora alargando os conceitos, não nos parece assim muito curial ver a Polícia e a GNR, no bom cumprimento de suas funções, a procurarem linhas imaginárias de divisões entre o Porto e Matosinhos ou Sintra e arredores. Há algo nisto de que dever ser arquitectado de uma outra maneira. Qual? Não nos perguntem que também não sabemos. Pronto. Estas são apenas achegas para uma reflexão profunda que precisa de ser feita a muitos níveis e as divisões administrativas entram nesse rol. Disso temos a certeza. No caso de Lafões, até aos anos 30 do século XIX, como vimos, a história fala por si. E agora será de assim pensarmos? Talvez... Carlos Rodrigutícias de Vouzela”, Nov 2020

Uma volta pelas voltas de Lafões

Lafões em visita Notas para uma viagem histórica nestas nossas terras Com base numa visita feita com os alunos da disciplina de História da Universidade Sénior de Vouzela, no ano de 2017, apresentamos aqui, agora em versão jornalística, uma série de ideias para se tomar conhecimento com a arqueologia da região de Lafões. Entre as muitas opções, apontam-se alguns locais e monumentos que merecem ser vistos, analisados e, por fim, bem entranhados na nossa memória pessoal e colectiva. Depois desta viagem, outros pontos apareceram, pelo que, hoje, o panorama está muito mais rico a esse propósito. TRAJECTO– Vouzela – Balneário Romano das Termas e Castro de Nossa Senhora da Guia/Baiões, S. Pedro do Sul – Anta Pintada de Antelas, Oliveira de Frades – Estrada Romana de Entráguas/Seixa – Castro do Cabeço do Couço, Crasto/Campia – Anta de Paranho de Arca (OFR) – Torre de Alcofra – Anta da Lapa da Meruje, Carvalhal de Vermilhas – Torre de Cambra – Paço Moçâmedes – Minas da Bejanca – Estrada Romana de Figueiredo das Donas e Ponte Pedrinha – Monte Castelo, sepulturas antropomórficas – Vila de Vouzela Para melhor enquadrar esta actividade, nessa altura elaborámos o guião que passamos a transcrever, como meio de ajuda para essa viagem. – Termas de S. Pedro do Sul – Balneário Romano – Designações ao longo dos tempos – Banho, Caldas de Alafões, Caldas do Banho, Termas da Rainha D. Amélia, Termas de S. Pedro do Sul - Águas bicarbonotadas, 68.7 º . Datação – Império Romano ou mesmo anteriores; dinamização com D. Afonso Henriques; Monumento Nacional desde 1938; vestígios descobertos e descritos sobretudo a partir dos anos 50; década de 30, escola primária; posteriormente, café - Nessa altura com projecto e financiamento aprovados para a sua recuperação e valorização, hoje as obras estão concluídas, incluindo a criação de um espaço museológico. Ao lado, Capela de S. Martinho - Dois Balneários existentes: o da Rainha D. Amélia e o de D. Afonso Henriques. - Grande capacidade hoteleira. Aproveitamento de novos produtos em linha de cosméticos e afins; gestão municipal via empresa Termalistur - Em Portugal, cerca de 40 balneários com possível ocupação romana. – Castro de Nossa Senhora da Guia, Baiões, S. Pedro do Sul - Altitude – 477 metros - Povoado do século VIII a. C; Cabanas de planta circular; espólio – mós, machados, raspadores, objectos em bronze (mais de 50), 2 torques e 1 bracelete de ouro (Museu Nacional de Arqueologia – Lisboa), cerâmica, foicinhas, carrinho votivo. - Depósito de fundição, metalurgia – Anta Pintada de Antelas, Pinheiro de Lafões, Oliveira de Frades - Pinturas em ocre com predominância das cores vermelho e preto em oito esteios com motivos diversos e consideradas como expressões arttísticas do melhor que há na Europa; tampa não original; Corredor coberto e um outro no exterior - Descobertas as pinturas nos anos 50; obras de identificação e classificação nos anos noventa; datação pelo método do carbono 14, milhares de anos a. C. Monumento Nacional - Localização – Estrada do Sobreiro para Santa Cruz – Estrada Romana Entráguas/Seixa - Vestígios de troços da antiga ER de ligação entre os arredores de Águeda e Viseu, com passagem por A-dos-Ferreiros, Talhadas do Vouga, Benfeitas, Ponte, Feira, Entráguas, Seixa, Ral, Pontefora, Vilarinho, Cajadães, Postasneiros, Santiaguinho, Vilharigues, Vouzela, bifurcando aqui em duas direcções, para SPS, Castro Daire, etc e uma outra via por Fataunços, Ponte Pedrinha, Figueiredo das Donas rumo a Viseu – Castro do Cabeço do Couço, Crasto, Campia - 1º milénio a.C; cabanas circulares, muralhas - Vestígios – mós, peças de cerâmica e metálicas - Outros castros na Região – Paços de Vilharigues, Coroa – Arcozelo das Maias e Souto de Lafões, Pinho, Ucha, Banho, CÁRCODA, Várzea, Castêlo, Ribamá, etc – Anta de Paranho de Arca - Cobertura e esteios. Sem corredor visível e sem mamoa.MN. – Torre de Alcofra - Cabo de Vila; Século XIV/XV; quadrangular; três pisos; em granito; entrada a nascente; inscrição – AMBDM ( Talvez referências a António de Magalhães Barão de Mocâmedes). Actualmente, com os trabalhos da sua beneficiação, permite-se observar um bom acervo documental em termos museológicos. Ao lado, outros equipamentos de natureza culural e social. - Outras torres – Cambra, Vilharigues e alusões a Bandavises e Caveirós de Baixo – Anta da Lapa da Meruje, Carvalhal de Vermilhas - Sete esteios; tampa de cobertura; corredor com 15 esteios; mamoa. Em fase de trabalhos de valorização em duas épocas de escavações. Aproveitando-se, de uma forma muito agradável, a Barragem ali existente, tornou-se agora um parque de turismo e lazer que em muito amplia a importância deste monumento. - Outras nas redondezas – Mamoas no Zibreiro/Campia; Malhada do Tojal Grande/Carvalhal de Vermilhas; Vale de Anta/ Fornelo do Monte; Malhada de Cambarinho – Torre de Cambra - Capela; dois rios – Couto e Alfusqueiro; Parque Fluvial – Paço de Moçâmedes - Medieval; possivel morada do Imperador de Leão Ramires entre os anos de 900 a 912, d. C. Também possivel Rei de Viseu. Neste local viveu ainda D. Isabel Ameida Ferreira, segunda metade dos anos 1600, que veio a estar na origem da Família Malafaia, Santa Cruz da Trapa e Serrazes. - Fala-se na eventual criação dos Pastéis de Vouzela nesta localidade e, muito provavelmente, nesta Quinta do Paço – Minas da Bejanca - Livro – “ Minas da Bejanca – História(s) das terras e gentes, Fernando Vale, CM de Vouzela, 2015” - Descobertas em 1915 por José Marques do Vale; minérios, volfrâmio e estanho, este muito mais antigo, já do tempo da Idade do Cobre e da romanização, vd. Carvalhal do Estanho. - Portugal, um dos principais produtores de volfrâmio, também existente na China, Malásia, EUA, Canadá, Bolívia, Peru, Chile, Argentina, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Coreias, Rússia - Alguns indicadores de produção de volfrâmio – 1930 – 417 toneladas; 1939 – 6060 toneladas - Outras minas no distrito e nas redondezas: Arouca – Castro Daire – 1; S. João da Pesqueira – 1; SPS – 8; Sátão – 3; Sernancelhe – 1; Cinfães – 1; Tabuaço – 2; Tondela – 1; Vila Nova de Paiva – 11; Viseu – 29; Vouzela – 5 - Empresas – Entre outras, a Companhia Mineira das Beiras, Lda, com o Couto Mineiro da Bejanca e 7 minas arrendadas ao Banco Burnay, SARL; com a 2ªGG, disputa acesa entre a Alemanha e os Aliados também na disputa das minas, com a Beralt Tin & Wolfram, Lda, inglesa, sendo que, de 1941 a 1952, o Couto Mineiro da Bejanca e os espaços também da Serrinha, Campos de Quintela, Barrosa, Vale do Espírito Santo, etc, estavam na na posse dos alemães. - Reanimação da febre do volfrâmio com a Guerra do Vietname – 1959/1975 - Década de 89 ainda em funcionamento. Depois, a queda e a decadência - Centenário 2015. Agora, novamente eventuais interessados. – Monte Castelo - Escadaria, Capela; Casa da Confraria; Parque de Campismo e Piscinas; sepulturas antropomórficas, minas. Prestamos o nosso tributo a quantos têm ajudado a conhecer e divulgar este património, com ênfase, nos tempos mais próximos, para Jorge Adolfo Marques, António Faustino Carvalho, Carolina Tente, António Nazaré de Oliveira e, recuando até aos princípios do século XX, Amorim Girão, continuando com Irisalva Moita, Celso Tavares da Silva, João L. Inês Vaz, O. da Veiga Ferreira e outros, Manuel Real, Pedro Sobral Carvalho, Lara Bacelar Alves, Fernando Carrera Ramirez, Filipe Soares, Daniel Melo, Helena Frade, José Beleza Moreira, Domingos Cruz... Numa tarefa de todos, o património deve ser olhado por cada uma das comunidades como “coisa sua”, como factor de identidade, pelo que cabe aos seus elementos, defendê-lo e divulgá-lo. A história e o conhecimento agradecem. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, Nov 2020

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

A agricultura ao longo dos tempos também em Lafões...

Pensar na agricultura como meio de olhar o futuro Hoje, está um pouco na moda ter a ideia de que as chamadas novas tecnologias são a chave que é capaz de resolver todos os nossos problemas e fazer-nos entrar na fase de recuperação de muitas das nossas doenças económicas e sociais. Seria da nossa parte uma asneira condenar esse esquema mental. Mas será também um erro ficarmos por ele e só com ele. Um tanto como leigos, olhamos para essas matérias mais como óptimas ferramentas do que um fim em si mesmo. Estendendo este nosso raciocínio ao trabalho que queremos apresentar, que andará à volta das questões agrícolas, temos de confessar que da terra é que nos vêm os principais alimentos, pelo que essas novas tecnologias, sendo muito úteis, não dispensarão nunca o esforço dos homens e das máquinas em conseguir que dela brotem os produtos de que necessitamos para viver. Aplica-se aqui o velho ditado popular de que sem ovos não se fazem omeletas. Por mais que os computadores estejam carregados de dados, a mão humana nunca poderá ser posta de lado. Muito menos, no campo da agricultura, da pecuária e da silvicultura, áreas de que tanto precisamos. Não queremos, porém, alegar que a inovação pode ficar à margem de tudo isto. Estes números, veiculados por Pedro Reis, em 2013, na sua dissertação “ Inovação na produção agrícola”, bem o provam: no século XVIII, cada família só poderia dispôr de 20 a 30% do excedente em relação às suas necessidades; mais tarde, em finais do século XIX, cada activo conseguia alimento para 4 pessoas e, nestes séculos XX/XXI, a relação é de 1 para 60. Isto mostra um progresso enorme, só possível por força das mudanças operadas ao longo dos tempos, em técnicas e em tratamento dos solos, em fertilização, em mais eficazes sistemas de rega e de melhoria de produtos. Como este autor diz, tudo isto se insere na estratégia “Europa 2020”, não devendo o mundo agrícola ficar fora dos programas em causa. Aliás, entre os casos de estudo que escolheu, um deles teve a ver com a região de Lafões e, nomeadamente, com a produção de mirtilos, sector em que analisou seis em dez dos fruticultores seleccionados, no âmbito do PRODER: Mostrou com este exemplo de que as mudanças têm o seu tempo e são altamente necessárias, mas nunca afirmou que nos podemos sentar no sofá a manobrar o teclado de um computador e esperar que os milagres da produção venham a acontecer. É só isso que queremos demonstrar com estas nossas linhas. Novas tecnologias, sim, fazer delas a tábua de salvação de todos os nossos problemas, nunca. Um trajecto de milénios Numa caminhada milenar, desde sempre o campo teve um papel determinante. Isso nos diz também Eugénio de Castro Caldas, na sua obra “ A agricultura portuguesa através dos tempos, INIC, 1991”, quando escreve que “... No território europeu, ibérico, onde Portugal nasceu, a população encontrou na agricultura o apoio necessário e bastante para cumprir o destino invulgar que a História lhe reservou”... (P. 11) Descreve, depois, as fortes influências romanas, árabes e outras, que vieram moldar o nosso tecido económico e social agrário. Enumera as principais culturas, como a cevada, o trigo, a oliveira e a vinha, entre outras, pondo em evidência a evolução tecnológica ( uma determinante do progresso dessas e de nossas épocas) que se confinava, nessa altura, a uma boa enxada, um arado, uma charrua e a força da tracção animal. Punha ainda em lugar de destaque os avanços na hidráulica, na rega e chegou a declarar como foi essencial o processo de ligação do homem à terra na nossa organização social e política, sendo “... ecológico na sua origem e depois humanizado, que leva (?) à formação da dependência da solidariedade campesina e que passa a ser o suporte de instuições comunitárias como os concelhos... “ (p. 65) Como estamos a ver, a negação da evolução será sempre de eliminar dos nossos esquemas mentais. Entretanto, é crucial reconhecer que o homem e a terra terão de andar, toda a vida, de mãos dadas para bem de todos nós. Muito recentemente, nas nossas zonas, a evolução passou pelo encontro de novos caminhos, como o da cultura de pequenos frutos, o da criação de mercados digitais e de proximidade ( e aqui está uma boa aposta, que, partindo da produção, alia posteriormente as novas tecnologias para dinamizar o processo das vendas), o dos produtos biológicos, passando pelo incremento de novos apoios como aquele que, em concursos abertos em Janeiro de 2020, avançou para 200 mil euros de investimento em acções de transformação e comercialização de produtos agrícolas. É com isto tudo, trabalho prático e inovação, que se assegurará o nosso futuro, mais do que por miraculosas miragens tecnológicas. Como nos mostra Custódio Cónim, em “Portugal e a sua população, I, Alfa, Lisboa, 1990, “ a falha no reconhecimento da importância da agricultura é que levou ao despovoamento e ao desastre que o nosso Interior está a sofrer. Para que conste: nada de condenar a busca de novas soluções, mas também nada de pensar que sem uma forte ligação do homem ao solo o mundo poderá pular e avançar, como tantas vezes ouvimos cantar e com muito gosto. No meio é que está a virtude e aqui também... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Nov 2020

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Autores de Lafões e marcarem pontos: Carlos Almeida é um deles

Ler autores lafonenses em tempos de quase confinamento Carlos Almeida em duas obras CR No ano passado, ainda o coronavírus não tinha despertado para a sua mortífera viagem, Carlos Almeida pôs a circular o seu livro “ O pagador de promessas”, com base em “personagens reais que se dedicam a cumprir promessas que outras pessoas não têm oportunidade de cumprir, em troca de uma recompensa monetária ou de outra ordem”, como bem alerta na contracapa. Com a chancela das “Edições Esgotadas”, este autor leva-nos para geografias diversas, encaixando nela os protagonistas de uma qualquer viagem em peregrinação. Pelo meio, surgem as situações mais bizarras, os episódios que nos surpreendem a cada passo. Ao ler os vários relatos, facilmente nos apercebemos que as figuras principais nos são, de certa maneira, familiares, porque, de imediato, somos transportados para situações que efectivamente aconteceram, ainda que, nestas peças de literatura, vestidas de outras roupagens. Mas o sumo, o fio condutor de meadas anteriores lá estão vivos e a cores. Calcorreando caminhos de pedras duras, ou lamacentos, o sacrifício nunca é posto de lado, porque peregrinar é sofrer, quer queiramos, quer não. Em descrições de personagens com sentimentos os mais diversos e díspares que se possam imaginar, sinal de uma fértil criatividade de Carlos Almeida, aparece-nos um pouco de tudo: também não é estranho que, na base destas crónicas, nos surja, logo, o Caminho de Santiago, estabelecendo-se contactos com “Deus, o Diabo, o Bem, o Mal, o Céu e o Inferno” Nas primeiras páginas deste livro, o Prólogo leva-nos para os “montes e vales da expiação (...) sob o céu e sob as estrelas(...) ao frio matinal e ao luar estival (indo) em peregrinação até ao grande altar sagrado.... “ Com citações e enquadramentos escolhidos a dedo, em todo o texto se nota uma veia criadora que nos apraz registar, vinda de um conterrâneo nosso de Santa Cruz da Trapa, perdão, ainda que nascido em Lisboa, a viver em Viseu mas sempre com a sua terra no coração. Presença assídua nos meios culturais e artísticos, Carlos Almeida escreve em prosa, em poesia, alimenta-nos ainda o espírito com a banda desenhada e a pintura. Enfim, há ali um poço sem fundo de imaginação e vontade de criar algo que nos marque e se não esqueça. Neste seu “ O pagador de promessas”, andando por tanto lado, vai-se de Santiago de Compostela a Fátima, do S. Macário à Lapa e em cada canto há sempre uma boa história para ser apreciada. “ Pandemia: diário de um abandono” Este é o segundo livro de que queremos falar. Era impossível passar-lhe ao lado porque aborda um tema bem recente, bem actual, com um passado de sofrimento e morte por todo o mundo e, agora, a rebentar, de novo, parecendo até com mais força e uma progressão mais rápida. Em capítulos elaborados, por dias, em redor de um vendedor de vinhos que foi apanhado no olho do furacão e lá foi contaminado, sofrendo os horrores da clausura, do confinamento, das incertezas e das dúvidas, na cidade de Wuhan, na China, tudo se iniciou, em imaginação, no dia 25 de Janeiro de 2020. Com uma descrição pormenorizada dos acontecimentos, recheada de termos técnicos e conceitos actuais, o que mostra um bom esforço de pesquisa, aqui Carlos Almeida retrata a fundo as causas e as consequências desta doença, desta pandemia que alterou todo o nosso mundo e o nosso modo de viver. “ Abandonados” um pouco à nossa sorte, num jogo de azar ou sucesso, a linguagem usada é crua, dura, violenta, cruel e provocante. Em catorze lições, termina com um certo ar de pessimismo, alegando que “... Este vírus não irá desaparecer certamente nos tempos mais próximos, pelo que devemos aprender com ele a resistir-lhe (e certamente ele ver-se-á enfraquecido e derrotado pela nossa energia e sentido cívico)... Porque as nossas vidas já mudaram, que não se mantenham num doloroso abandono... “ Por ser um bom contributo para a compreensão desta pandemia, a da Covid 19, fazemos um apelo a que se leia esta obra de 198 páginas, também das Edições Esgotadas. Comparando com a realidade, aprende-se muito... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Out 2020