quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Combatentes do Ultramar com homenagem em Oliveira de Frades

Combatentes de Oliveira de Frades recordados Município constrói monumento em sua homenagem CR A história dos homens é inscrita em muitas de suas páginas com uma cor pesada, negra, triste e dolorosa. Sem irmos muitos para trás, o século XX foi, nesse campo, dos mais trágicos de sempre. Começou com a 1ª Guerra Mundial, prosseguiu com a chamada Gripe Espanhola, com a 2ª Grande Guerra, com o conflito das Coreias, com a Guerra do Vietname e, no que a Portugal diz respeito, com a Guerra do Ultramar, entre os anos de 1961 e 1975. É este o período que hoje queremos retratar porque o município de Oliveira de Frades, a pedido de uma Comissão constituída há uns anos, tem em execução um Monumento de Homenagem aos Militares que andaram pelas matas e terras de África nessa época. Situado na Rotunda que liga a estrada de S. Vicente de Lafões à Feira, é da autoria do arquitecto e engenheiro José Paulo Loureiro, técnico superior daquela edilidade. Na respectiva memória descritiva, confessa que pretendeu reconhecer e honrar “todos aqueles que partiram sem nada pedirem”, como que “roubados aos campos, às famílias, às vidas, para embarcarem numa aventura que não queriam, nem pediram, mas a que foram obrigados”. Constituído este monumento por vários módulos, mostra um padrão central que nos conduz ao país dos descobrimentos, passando pelas lápides, pelas paredes soltas e pelas placas verticais com a referência aos territórios onde se desenrolou este capítulo da nossa história colectiva, como Angola, Guiné e Moçambique, numa “montagem mnemónica” Em complemento deste acto de gratidão e justiça para com os cerca de 90% de jovens que para ali foram mobilizados, na ordem de 1400000, vários deles deste concelho de Oliveira de Frades e de cada uma de suas freguesias e localidades, pretende-se ainda e sobretudo não esquecer, em números redondos, os 9000 mortos, os 30000 feridos, os 140000 militares que ainda sofrem distúrbios pós-traumáticos, a que se deve juntar toda uma comunidade civil que também foi amplamente fustigada por esta guerra. Como se registará neste local de homenagem, Oliveira de Frades contribuiu, em mortes, com o sangue de alguns de seus rapazes que ali perderam a vida e também com uma série de feridos que ainda hoje sofrem essas marcas nos seus doridos corpos. Num processo que, nesses mesmos anos, começara com a anexação da Índia portuguesa na União Indiana e prosseguiu, já depois, com a tomada de Timor pela Indonésia, são muitas as páginas que se podem escrever sobre este conturbado e doloroso périodo da nossa história nacional. Por importar que se não esqueçam esses tempos, é que Oliveira de Frades, através de uma acção levada a cabo pela Câmara Municipal, está a erguer este memorial. Diga-se, entretanto, que a freguesia de Ribeiradio já há anos avançou com uma ideia deste género que aqui se regista e se louva também. Andando a gente que por lá passou na faixa etária dos setenta e oitenta anos, ou mais, este tributo é como que uma forma de lhes dizer “bem haja” pelos sacrifícios vividos e pelo contributo que deram ao país que somos todos nós. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Dez 2020

Sem comentários: