domingo, 14 de março de 2010

Sazonalidades

Anda a economia preocupada com a velha questão das sazonalidades e, afinal, a vida é o primeiro desses factos. Ainda hoje, na Vagueira, um cidadão brasileiro, que o destino trouxe a Portugal, ao entrar para o almoço, caiu, estatelou-se no chão e, de repente, nada mais pôde fazer senão aguardar a vinda de uma ambulância - que apareceu a tempo, mesmo que tarde demais para quem duvida sempre do segundo que se segue àquele que se vive em cada sopro de vida - e partir para o hospital. Bom tratamento lhe desejo, a par de uma duradoura recuperação!
Este episódio, ocorrido em terra de sazonalidade por natureza, por ser apetecida como praia, fez-me avivar a ideia que estas ocorrências frequentes em certas épocas e escassas noutras, não são assim algo de estranho: a vida é sazonal para cada um de nós, porque aparecemos esporadicamente e logo desaparecemos; tem igual significado para quem vive dos fenómenos turísticos e os vê evaporar-se, por dá cá aquela palha, mal haja, neste caso, um arrufo do tempo; o mesmo se passa com as crises, que nunca nos deixam, bastando recuar até 1929, 1914/18, 1939/45, 1973, 198o..., para cairmos no enorme trambolhão que ainda agora nos assola.
De sazonalidade se pode falar, queridas filhas, em mensagens que seguem, de Oliveira de Frades, para o Caramulo e para Lisboa, em termos políticos: os bons, os verdadeiros, só se notam quando o rei faz anos. Sazonais quanto baste e demais, pena temos que não permaneçam junto de nós em cada dia do ano...
Estes tempos, estes, são de uma agreste sazonalidade: o sol não aquece, a chuva, por ser muita, já incomoda e aquilo que devia ser espaçado, sazonal e meigo, torna-se um pesado fardo, um incómodo de todo o tamanho.
Acreditem, no entanto, queridas filhas, que, a ler essas lições pelos exemplos dos nossos antepassados, novos tempos virão: a "não-sazonalidade" governativa, a boa entrega do nosso destino colectivo, a ideal e a necessária, não deixará de aparecer. Ainda que demore, é esta a minha esperança e, sei-o, também a vossa.
Acreditem, filhinhas! Boa noite, Lisboa, olá Caramulo!

1 comentário:

eu disse...

Obrigada, pai, pelas tuas sempre bonitas e sábias palavras.

Boa noite