sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

A floresta e novas organizações, UGF

Unidades de Gestão Florestal Novos programas para a nossa floresta Com os montes a mostrarem a devastação dos incêndios de 2017 e outros, a nossa floresta ainda se encontra praticamente ao abandono e a piorar de dia para dia. Com muita legislação produzida, em concreto pouco se tem feito e também não são fáceis as soluções. Mortas as árvores autóctones e as respectivas manchas que, nalguns locaiapresentavam com enorme potencial económico e ambiental, destruídos os pinhais, queimados os eucaliptais, só estes têm despontado em assustadora progressão geométrica. O resto ou é um deserto, ou um campo selvagem de silvas e outras infestantes. Foi a pensar nestes problemas que a Cooperativa Três Serras organizou, na passada sexta-feira, dia 7, em Vouzela, uma reunião e debate para apresentação de um novo programa, as UGF – Unidades de Gestão Florestal, criadas pela Lei 111/2017 e que, agora, se encontram em plena discussão, havendo já aguns exemplos da sua criação, como a de Nelas. Pena foi que esta acção tivesse tão pouca gente, quando é altamente necessário mostrar as virtudes (e também os defeitos) destes mecanismos de gestão florestal. Por outro lado, importa que se desmonte a lei e se ofereça aos potenciais aderentes as propostas que se pretendem alcançar de uma forma que toda a gente entenda e se mostre atraente e realista. Na mesa que presidiu a estes trabalhos, estavam Carlos Oliveira, em representação do Município, António Minhoto, da Florestal/Nelas, António Bica, proprietário e advogado e Eng. Rui, da entidade organizadora, a Cooperativa Três Serras. Feita uma perspectiva histórica e abordada a questão do despovoamento e seus impactos nas nossas matas, autênticos minifúndios, muito repartidos e de áreas altamente reduzidas, chegou-se à conclusão que é necessário encontrarem-se formas e mecanismos de gestão que rentabilizem estes mesmos territórios. Criticaram-se ainda os poderes públicos que, durante décadas e séculos, nada fizeram pela defesa de uma agricultura e silvicultura rentáveis, investindo, pelo contrário, todas as fichas na industrialização do litoral. Por outro lado, neste momento, ainda os espaços ardidos estão cheios de detritos a impedirem mesmo que se avance para o seu aproveitamento. Com enormes potencialidades em possíveis e diversificados aproveitamentos, as Unidades de Gestão Florestal (UGF) nasceram para ser possível, em associações ou cooperativas, dar força aos investimentos em múltiplas áreas, desde a plantação de árvores aos usos e costumes habituais, como a exploração de mel, do turismo e das culturas agrícolas tradicionais, ou outras. Com o possibilidade de cada proprietário aderir ou não, o certo é que quem entrar neste esquema não perde nada dos seus terrenos, participando antes na sua rentabilidade, na proporção dos seus espaços e das condições em que se encontram no momento da entrada neste esquema e programa de gestão. Completando as ZIF – Zonas de Intervenção Florestal, estas UGF viram-se mais para os interesses individuais. Cada proprietário pode entrar com parcelas até 50 ha, por número, sendo que a área territorial mínima para se constituir uma UGF deve ser de 100 hectares e 5000 máximo. Sendo um processo livre e voluntário, importa que os esclarecimentos se aprofundem e se desfaçam todas as dúvidas, de modo a que o processo avance de uma forma aberta e solidária. Porque a floresta não pode ficar como está, há que procurarem-se soluções que sejam do interesse de cada uma de nossas comunidades e suas diversidades. NOTA – Em tempos de Inverno, está a estranhar-se que o Estado esteja a exigir uma série de requisitos, tidos como altamente inconvenientes para pedir a respectiva autorização, quanto a queimadas de resíduos nos diversos espaços territoriais. Para esse efeito, é preciso contactar-se os Serviços de Protecção Civil, dez dias antes, e ter no acto a presença de um técnico de fogo controlado, uma equipa de bombeiros ou de sapadores. Isto é carga a mais sobre o ombro de quem já está cheio, até ao tutano, de obrigações atrás de obrigações, muitas delas sem qualquer retorno útil para tão depauperadas economias domésticas, olhando para esta estação do ano. Lá mais para a frente, não diríamos nada disto, bem pelo contrário. Mas há épocas para tudo. Neste sentido, o nosso conterrâneo de Pinheiro de Lafões, Henrique Pereira dos Santos, veio, recentemente, insurgir-se contra esta mesma medida, ao criticar que se tenha pedido aos párocos para tal avisarem nas Missas... Valha-nos Deus!... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Fev19

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