sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Arquivos em Viseu, as falas do passado

Arquivos de Lafões em Viseu Numa terra e região com milhares de anos de um riquíssimo passado, Lafões tem espalhados documentos por uma série de locais, sobretudo desde que a escrita começou a ser usada com maior frequência. Antes dessa fase histórica, muitos outros testemunhos se reportam a esta nossa zona e cada uma de suas localidades. Hoje, porém, a nossa viagem é bem curta, porque fomos apenas até Viseu, melhor, colhemos do seu Arquivo Distrital uma série de informações que podem ser (e são-no muito úteis) para quem busque dados sobre a sua própria família, propriedades, negócios, vias judiciais, vida autárquica, religiosa ou de outras quaisquer áreas. Em cerca de 357 mil entradas de vária ordem, cada paróquia, cada freguesia, concelho, famílias e pessoas, a nível individual, neste local, que está ligado ao ANTT – Arquivo Nacional Torre do Tombo – ali se encontram depositadas dados que nos ligam a um passado de tudo e de todos. Com incidência maior nos séculos XV e XVI e daí para diante, podemos saber quem nasceu, morreu, se casou em cada uma de nossas localidades. Agarrando na teia que encontramos, os laços estabelecidos levam-nos sempre bem longe. De repente, damos de cara com um nosso familiar e, pegando nele, avançamos para a família toda. Naquele espaço mágico, que nos ajuda a desvendar quem somos e fomos, numa linha genealógica que nos desperta o maior dos interesses, temos de saber trepar para outras dimensões. Ficarmos pelos nascimentos, óbitos, casamentos, é muito pouco A contabilidade das câmaras municipais, os inventários e fundos do Governo Civil, os registos da emigração, os elementos relacionados com o mundo da educação tornam-se acessíveis e nos “falam” de tudo. Com uma cola que nos faz pegar em tudo e ter dificuldade em largar cada ponta, em termos de contabilidade municipal, em Oliveira de Frades partimos do ano de 1850, em S. Pedro do Sul de 1846 e, em Vouzela, de 1849. Há, porém, rubricas, a este nível, que ainda podem oferecer outras datas. Em instrução pública, recuamos até aos anos 1800 e aí deparamos com as rubricas de aposentações de professoes, autos de inspecção, de juramento e posse, notícias de abandono escolar, circulares diversas, movimento de alunos, necessidades mais urgentes da instrução primária, faltas ao serviço, provas efectuadas, vencimentos dos professores, edifícios escolares e outros assuntos de interesse para o sector. Paramos, por enquanto, na então “Câmara Municipal de Lafões”, com registos ali existentes desde 11 de Julho de 1695 e a prolongarem-se até 11 de Abril de 1834. Na explicação dada, esclarece-se que “ Até ao século XIX subsistia na região de Lafões uma complexa divisão administrativa. De facto, toda a região era dominada pelo concelho de Lafões, constituído pelas vilas de Vouzela, S. Pedro do Sul e o Couto do Banho. Encravados na área concelhia, mas sem lhe pertencerem, encontravam-se ainda os concelhos de Sul, Santa Cruz da Trapa, Oliveira de Frades e a Comenda de Ansemil, da Ordem de S. João de Malta. Assistiam ao governo deste concelho (Lafões), um juiz de fora, vereadores, um procurador do concelho, escrivão da câmara, juiz dos órfãos com seu escrivão, oito tabeliães, um meirinho e um carcereiro. Para as questões judiciais, existia no concelho uma ouvidoria, sendo o o juiz de fora nomeado pelo Duque de Lafões. Este concelho tinha a particularidade de funcionar paralelamente em S. Pedro do Sul e Vouzela”. Porque este tema nos obriga a um estudo bem mais profundo, a ele nos referiremos numa próxima edição, conjugando a nossa análise, como vimos, com o Arquivo Distrital de Viseu. Numa cerejeira que não pára de nos entregar sempre mais e mais tópicos, com eles iremos “dialogar” numa próxima ocasião. Porque vale a pena saber e o conhecimento não ocupa lugar. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, Fev19

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