quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Presidenciais, a vitória de um homem só, Marcelo Rebelo de Sousa...

A vitória total de um homem só Marcelo venceu em todos os concelhos do país Caminhava-se para o fim da jornada eleitoral presidencial do passado dia 24, alta e chuvosa noite, e, ao volante de seu carro, o que víamos era um homem solitário, vindo de Cascais, de sua casa, para a Faculdade de Direito de Lisboa, onde iria proclamar a sua vitória. Tal como fizera durante a campanha, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou-se assim, só, sem bengalas, sem apoios visíveis, e, no entanto, era o próximo Presidente da República, em mandato renovado com mais votos e mais percentagem do que em 2016, quando alcançou, pela primeira vez, o elevado cargo do mais alto magistrado da nossa nação. Eram sinais novos, ou nem por isso, que seguiam naquela viatura. Sozinho, carregava os destinos de um país em dor e feridas sangrentas, como bem frisou nas suas primeiras palavras após a sua significativa vitória. Como que a abrir as portas a um domingo de votação, contestado em muitos sectores por não ter sido adiado este acto eleitoral, que a Constituição (a precisar de ser revista e arejada) acabou por não permitir, o céu apresentou-se mais ou menos limpo e a chuva da véspera, forte e dura, deu lugar a um tempo mais ameno. Contrariamente ao muito que por aí se disse a respeito da possibilidade de uma abstenção monstruosa, tal, felizmente, se não veio a verificar. A afluência às urnas, sendo baixa e lastimável, não foi, no entanto, o desastre que muitos vaticinaram. Nem as trapalhadas surgidas, por exemplo, com os boletins de voto que traziam oito nomes para sete candidatos, uma falha que cheira a desleixo e má programação, impediram que os portugueses fossem votar, no cumprimento de um dever e de um direito cívico e de cidadania. Infelizmente, no entanto, muita gente ficou impedida do exercício deste acto, porque o quadro constitucional em que vivemos, obsoleto,como dissemos, impediu a votação electrónica ou por correspondência, o que fez com que muita gente, em tempos de pandemia e confinamento, não tivesse ido às urnas. Mais grave é ainda o facto de se dar hipótese de mais de um milhão e meio de compatriotas nossos, na diáspora, se terem inscrito nos cadernos eleitorais e, depois, se lhes tivesse praticamente negado a possibilidade de irem votar. Desta forma, até a abstenção, que reflecte toda esta gente como inscrita, fica bastante “aldrabada”, e é o termo meigo que escrevemos para não dizermos outras coisas bem piores. Saudamos, apesar de tudo, o voto em mobilidade antecipada que foi já, no meio de tudo isto, um bom passo em frente, Mas outros bem mais arrojados se impõem. Uma análise a estas eleições presidenciais Após este longo intróito e considerações, vamos agora, e em concreto, para uma observação mais cuidadosa e detalhada do que se passou, em votação, neste dia 24 de Janeiro de 2021. Se já dissemos que Marcelo Rebelo de Sousa ganhou em toda a linha, importa adiantar que, caso inédito, obteve a vitória em todos os concelhos do país, o que é obra e mostra quanto é aceite e estimado o candidato/Presidente. Mesmo em zonas de tradições bem diferentes, ninguém lhe levou a palma. Com algum grau de certeza, a sua pressagiada vitória não oferecia grande constestação e essas projecções consolidaram-se, reforçando-se até. Num quadro com sete candidaturas, três delas repetentes, Marcelo Rebelo de Sousa, Marisa Matias e Vitorino Silva (Tino das Rans), quatro eram uma novidade. Se o primeiro lugar não esteve, então, em grande discussão, outras disputas eram esperadas. Desde logo, a incógnita do segundo lugar manteve-se acesa quase até aos útimos momentos das contagens, com um forte taco a taco entre Ana Gomes (2ª) e André Ventura (3º). Como que se possa dizer, as candidaturas de João Ferreira (CDU) e Marisa Matias (BE) acabaram por desiludirem, mais estrondosamente MM. No pólo oposto, a irem para além do esperado, Tiago Mayan Gonçalves (IL) alcançou um patamar que, talvez, nem ele esperaria. Também Vitorino da Silva, um dos repetentes nestas andanças, apesar do seu último lugar, teve votações muito engraçadas em vários distritos. Como se poderá ver parcialmente, a partir dos quadros apresentados, André Ventura veio trazer factos novos para cima da mesa. Alcançando o segundo lugar em locais impensáveis, como, por exemplo, o Alentejo, os seus resultados ficaram muito longe, para cima, daqueles que obtivera nas Legislativas de 2019. Em Lafões, essa evidência é bem notória, como se pode ver neste exercício comparativo: Oiveira de Frades – O.69 % - 2019, 14.5 – 2021; S. Pedro do Sul – 0.62/11.1; Vouzela – 0.79/13.54. Extrapolando para a generalidade do país, talvez se possa adiantar que, em muitos outros municípios, tal acontece da mesma maneira. E este fenómeno requer uma atenção muito especial, daqui para diante. Para melhor se comprenderem estas linhas, convém que se atente aos quadros que se seguem. Nestas nossas terras, a nível concelhio, a votação mostrou este padrão comum: 1º - Marcelo Rebelo de Sousa; 2º - André Ventura; 3ª – Ana Gomes; 4º - Vitorino Silva (Tino das Rans); 5ª- Marisa Matias; 6º - João Ferreira; 7º- Tiago Mayan Gonçalves. Com 2533799 (99.91% dos eleitores) votos obtidos, mais que nas eleições de 2016, e ainda faltam apurar os resultados dos consulados espalhados por todo o mundo, Marcelo Rebelo de Sousa é o próximo Presidente da República para um mandato de 5 cinco anos. De seu discurso de posse, registamos estas palavras: .... “ Refazer laços desfeitos, quebrar barreiras erguidas, ultrapassar solidões multiplicadas, fazer esquecer as xenofobias, as exclusões, os medos instalados. Temos de recuperar e valorizar todos os dias as inclusões, as partilhas, os afectos, as cidadanias esvaziadas pela pobreza, pela dependência, pela distância... “ Disse. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, Jan 2021

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