sábado, 7 de fevereiro de 2009

" Chipado" de todo

Só me faltava mais esta: ter um "chip" no carro para saber meus passos, para poder aceder aos meus bolsos, via SCUT, assim que seja oportuno - talvez não em 2009, valha-nos isso!
De controlo em controlo, a minha radiografia está sempre na ordem do dia. Sou controlado no banco, no supermercado, nos CTT, nas finanças, na missa, no cemitério, no cinema, na associação, no departamento governamental, no tribunal, na rua, no metro, no autocarro, não sei se no telefone, para agora me virem, por seis meses, oferecer de borla mais um instrumento de quebra da minha liberdade!... Bolas, isto é demais.
Com tanta gana em tudo saber de mim, qualquer dia pedem-me um raio X ao estômago, uma ecografia do coração, uma TAC da cabeça, um atestado de sanidade mental, um registo criminal, um BI cheio de informações que as máquinas até terão dificuldades em descodificar. Carregado até às orelhas com esta tralhada, não me sobra espaço para ser eu próprio, um sujeito individualizado, uma pessoa, um cidadão, um ser pensante. Sou apenas aquilo que os outros querem que eu venha a ser. Não. Não. Não.
Se teimam em levar por diante este apagamento de mim mesmo, que pouco mais espaço livre tenho que a casa de banho ( por enquanto ) e talvez a pacatez da cama, mais tarde ou mais cedo não tardará em que me venha a filiar num qualquer movimento anarquista, daqueles que me permitem respirar, refilar, andar por onde quiser, recusar, como Agostinho da Silva, qualquer documento, desde o citado BI ao todo poderoso e devassador número de contribuinte.
Com esta pressa em me esmagar, antes de ter o pé em cima do pescoço, é hora de gritar: BASTA!
Já agora, se querem fazer um favor completo, tragam-me essa grilheta a casa, aqui bem perto do A25, onde cheira a Oliveira de Frades, quando do mar se vai para a serra.
Mas perguntem primeiro se podem entrar. Como não vêm por bem, ficam à porta, de certeza, ainda que, com tal descortesia, pareça mal educado. Mas antes assim que amordaçado, atolhado de "açaimos" que um ser humano não pode aceitar de bom grado.

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