sexta-feira, 21 de junho de 2019

Lafões com testemunhos de uma intensa religiosidade...

As marcas da religiosidade em Lafões S. Pedro do Sul com um vasto património religioso Nas nossas terras, qualquer passo que dermos logo se pode associar, em regra, ao universo religioso dos nossos antepassados. Pelos caminhos, as alminhas convidam-nos a um olhar e a uma reflexão profunda. No alto das serras, no meio das aldeias, por aqui e por ali, são muitas as capelas, as igrejas e outras manifestações arquitectónicas que atestam esses mesmos sentimentos. Não nos passsam despercebidas, pela sua imponência ou significado, as construções de maior vulto, algumas a rondarem os mil anos e mais de existência. Quanto ao que diz respeito ao município de S. Pedro do Sul, começamos pelos altos montes e logo temos, lá no cimo, a Capela de S. Macário e, uns metros abaixo, o S. Macairinho. Descemos aos vales e o Convento de S. Cristóvão de Lafões lá se encontra, imponente, a falar-nos de séculos e séculos de história, contemplação e desenvolvimento. Com o mapa na mão, o universo destas manifestações religiosas não deixa de nos surpreender: em cada canto, em locais a pedir-nos que paremos e volvamos o nosso olhar e o nosso pensamento para tantas dessas evocações. Com grandes viagens pela frente, aventuramo-nos a partir à descoberta desses mundos para aqui os registar. Sem grande planeamento ou organização metódica, vamos um tanto ao acaso e seja o que Deus quiser. É grande este espaço territorial, o maior das região de Lafões. Por isso, não é de estranhar-se que por aqui andemos uns tempos demorados antes de irmos para outros lados. Pesquisando em fontes que muito nos dizem a este respeito, vamos iniciar o nosso percurso de hoje pela cidade de S. Pedro do Sul e pelas mãos de António Nazaré de Oliveira, Manuel Barros Mouro e outros estudiosos destas matérias. Passando um pouco ao lado da Igreja Matriz e da de Santo António, as nossas atenções viram-se mais para o Convento Franciscano de S. José, por ser aquele que mais marcou esta terra, apesar dos vestígios barrocos (Santo António) e de outros pormenores em outros monumentos. Não obstante ter apenas desempenhado funções conventuais e religiosas durante pouco mais de oitenta anos, o seu aproveitamento veio a associar-se, em definitivo, à vida autárquica local, sendo, aliás, parte do edifício onde ainda funcionam hoje os Paços do Concelho e outras instituições públicas, a partir da autorização concedida em 22 de Outubro de 1842. Dele se começou a falar em 1725, quando, no dia 16 de Novembro, se pediu para que as Caldas de S. Pedro do Sul tivessem um hospício, tendo os Franciscanos, como alega Aantónio Nazaré de Oliveira (Património Histórico-Cultural da Região de Lafões), sido autorizados a erguê-lo. Dado que era grande a sua aceitação na vila de então, tendo mesmo a sua sede na Igreja de S. Sebastião, perto das novas instalações a construir, não lhes foi difícil arrancar com este projecto. Os trabalhos tiveram o seu início apenas em 1751, sendo que, em 28 de Maio de 1834, com a extinção das Ordens Religiosas como que cessou essas funções iniciais. Acrescenta Manuel Barros Mouro ( A região de Lafões – Subsídios para a sua história, Coimbra, 1996) que, em princípio, se intitulou como Convento de Santo António, se se seguirem as indicações a Crónica de Frei Pedro de Jesus Maria José que cita (p. 73). Tendo nós a ideia de que esta designação não vingou, tendo sido sol de pouca dura, foi a S. José que este monumento foi dedicado e como tal é conhecido. Com um claustro seiscentista, com uma talha rococó joanina, foi esta jóia objecto de várias obras de conservação e restauro nas últimas décadas pelo que se continua a afirmar a sua importância e valor patrimonial. Entretanto, em 1778, viria a beneficiar do melhoramento da escadaria com um custo de 25000 réis. Se dum lado é o Município que o aproveita e dele se assenhoreou, do outro, a Igreja mantém as suas funções religiosas, oferecendo assim um uso duplo ao serviço das gentes desta terra. Na área urbana da cidade, encontramos ainda, como atrás aflorámos, a Igreja Matriz, a Capela de S. Sebastião, que recebeu obras profundas no ano de 1694, a citada Igreja de Santo António, que pertence à Santa Casa da Misericórdia de S. Pedro do Sul e lhe dá o seu próprio nome, também com trabalhos de fundo em 1717, douramento pelo valor de 190000 réis e 1798. Convém que citemos ainda as capelas de Santa Eufêmia (Arcozelo), S. Bartolomeu (Ponte), Nossa Senhora do Livramento (Negrelos), Santa Apolónia (Pouves) e Comenda de Ansemil. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões

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