sexta-feira, 1 de maio de 2020

Um retrato de Lafões, Censos de 1981 e 1991

Quem somos e quantos somos Em Lafões, uma visita aos censos de 1981 e 1991 Em dias de amargura e incertezas, como forma até de fazermos desviar o pensamento que, vezes demais, teima em ir para coisas tristes, acabámos por agarrar nalguns documentos e tirar-lhes a seiva do conhecimento que nos podem dar. Desta vez, pegámos nos Censos de 1991 e 1981, para arrancarmos algumas conclusões acerca de quantos somos e, mais, de quem somos nós, afinal. Se, entretanto, olhássemos mais para trás, logo descobriríamos que, em número, andamos de tristeza em tristeza, tal como aqui já aflorámos, pois a população das nossas terras dos anos sessenta para cá tem vindo, em regra, sempre a diminuir, muitas vezes de forma drástica e perigosa para a nossa própria sustentabilidade. Esmiuçando as diversas tabelas, começámos logo pela dos residentes em cada um dos três concelhos de Lafões, Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul e Vouzela, para constatarmos que, na variação verificada, apenas o primeiro destes municípios conseguiu ver crescer a sua POPULAÇÃO, ainda que de uma forma muito ligeira. Eis os resultados: Oliveira de Frades (OFR) – 1981 – 10391 habitantes; 1991 – 10584; S. Pedro do Sul (SPS) – 21220/19985; Vouzela (VZL) – 13407/12477. Nestes, apenas havia um lugar com mais de 2000 pessoas, a sede, SPS. Em patamares diversos, era este o panorama, quanto a EDUCAÇÃO: analfabetos em 1991 – OFR – 1354 com 311 homens e 1043 mulheres; SPS – 3170/855/2315; VZL – 1641/433/1208; com o ensino primário – OFR – 5234/2706/2528; SPS – 9644/4927/4717; VZL – 6431/3320/3111; ensino preparatório – OFR – 1543/821/722; SPS – 2886/1578/1308; VZL – 1739/920/819; ensino secundário – OFR – 610/433/377; SPS – 2068/1037/1031; VZL – 1337/707/630; outro ensino – OFR – 134/47/87; SPS – 579/244/335; VZL – 292/134/158; taxas de analfabetismo – OFR – 21.4%; SPS – 18%; VZL – 149%. Numa apreciação a estes valores, constata-se que, em cada fase de escolaridade, os homens apresentam melhores taxas do que as mulheres, com uma excepção: em outros, são estas que se sobrepõem àqueles. Confrontando com a população residente, onde o género feminino é, regra geral, maior, deduz-se que a desigualdade e disparidade em matéria de educação, em 1991, não acompanhava ainda as linhas de pensamento já então em franco progresso, em que se fala do desejo de igualdade de oportunidades. No analfabetismo, então, o desnível é altamente elevado, bem maior nas mulheres do que nos homens e isto diz tudo quanto ao papel que era atribuído às nossas mães e irmãs. Num outro índice, o da HABITAÇÃO, temos estes sinais indicadores: alojamentos- OFR – 4433, sendo 4431 clássicos e residência habitual, 4404; SPS – 8988/8955/8879; VZL – 5544/5529/5481; com electricidade – OFR – 2917; SPS – 5857; VZL – 3616; sem electricidade – 190/433/303, notando-se aqui, pelo menos assim a frio, uma disparidade que importa apurar-se melhor, porque a soma das falhas com as existências não confere; rede pública de esgotos – 296/778/240; sistema particular de esgotos – 1679/3053/1843; outros casos – 89/236/114; retrete fora do alojamento – 110/181/194 e sem retrete – 546/810/887. Uma das conclusões que daqui se podem extrair é que, em electricidade, já se não estava muito mal. O pior, o grande desnível, encontra-se no domínio do saneamento básico, em que, por exemplo, a rede pública era altamente deficitária em cada um destes municípios. Veremos agora o que se passava quanto a abastecimento de água, assim apresentado, em número de alojamentos: com rede pública – 792/1822/981; rede particular – 1422/2744/1215; água canalizada – 90/177/200; sem água em casa, com fonte – 665/1220/1253; poço ou furo – 99/216/233; com banho ou duche – 2067/2768/2210; sem essas valências – 1040/1049/1709. Se nos parágrafos anteriores se partia dos alojamentos, vamos agora olhar para a relação daqueles serviços em número de pessoas residentes, assim demonstrada: com electricidade – 10053 pessoas/18780/11690; sem electricidade – 504/1070/740; rede pública de esgotos – 929/2461/753; rede particular – 6122/10451/6325; outros casos – 298/751/408; retrete fora – 337/974/671; sem retrete – 1629/3058/2410. Em termos de água, era este o quadro – água canalizada pública – 2692/5636/3254; particular – 5133/9397/4252; fora do edifício – 304/508/612; com banho ou duche – 7393/13600/7603; sem banho – 3164/6250/4827. Em conclusão, nesta espécie de bilhete de identidade social, há perto de trinta anos, em saneamento básico, sobretudo quanto a esgotos, havia ainda muito a fazer em cada um dos concelhos. No que reporta ao abastecimento de água pública, estavam-se uns graus acima, mas ainda longe da realidade. Com os números a falarem por si, é certo que, hoje, se está bastante melhor nestas taxas, mas ainda há muito caminho por fazer. Até à próxima edição. Carlos Rodrigues , in “Notícias de Lafões”, 30 Abr2020

Sem comentários: