quinta-feira, 1 de abril de 2021

Notícias com 50 anos em Lafões

Há cinquenta anos assim se escrevia Em 1971, eram estas algumas das novidades no “NV” Vamos, nestas próximas linhas, reflectir um pouco sobre a forma como as nossas comunidades se organizavam há 50 anos, procurando, nas edições deste jornal “Notícias de Vouzela de 1971, encontrar os principais pontos que eram, nessa altura, motivo de debate, preocupação ou mesmo curiosidade. Então, tal como hoje, por exemplo, a perda de população fazia soar os alarmes por estas bandas. Nesta vila, a restauração da Comarca levava para Lisboa a vontade das suas gentes em voltarem a ter esse símbolo de soberania perdido há décadas. Em Oliveira de Frades, destacou-se a constituição da firma Uniávila, a resposta, pela iniciativa empresarial, à forte Cooperativa Agrícola de Lafões que tinha na avicultura em crescimento o ponto forte do seu desenvolvimento. E muito mais haverá a dizer, como veremos já de seguida. Desta forma, no dia 1 de Março, titulava-se: “ A população presente do concelho de Vouzela diminuiu 14% nos últimos dez anos”, acrescentando-se que Alcofra descera de 1923 habitantes para 1408 ( menos 515 pessoas em perda de 27%); S. Miguel do Mato vira fugir 26%, caindo de 1715 para 1271; Carvalhal de Vermilhas tinha 501 residentes e tombou para 369; Queirã ( de 2101 para 1640); Fataunços (1093/917); Ventosa (1372/1203); Cambra (1661/1486); Figueiredo das Donas (544/496) e Campia (1880/1789). Em sentido oposto, aumentaram Paços de Vilharigues, com mais 31 habitantes, tendo ao todo 676; Fornelo do Monte, mais 8, para 642 e Vouzela, com mais 4 pessoas e um total de 1231. Globalmente, o concelho resvalou de 15926 (1960) para 13128 (1970), o que mostra um decréscimo de 2168 pessoas presentes em dez anos. No que se refere a Oliveira de Frades, a queda foi menor, mas, mesmo assim, andou por uma perda de 824 habitantes ( NV, 9 de Março de 1971), tendo, ao todo, 9820 pessoas presentes, com a seguinte distribuição: Arcozelo das Maias, 1634 habitantes, menos 114, sendo, apesar de tudo, a maior freguesia; Destriz (449, menos 10); Oliveira de Frades (1433, menos 70); Pinheiro de Lafões (1218/70); Reigoso ( 419/46); Ribeiradio (1414/68); S. João da Serra (743/58); S. Vicente de Lafões (688/38); Sejães (264//70), Souto de Lafões (561/42) e Varzielas (486/37). Numa tendência decrescente, este é um mal que já vem de há anos e que, agora, se tem vindo, infelizmente, a acentuar cada vez mais. Estando em marcha o arranque do Censos 2021, vamos ver o que nos está reservado, mas, por aquilo que pressentimos, não serão boas as novidades que vamos receber. Ao indicar que o mês de Janeiro entrara “frio, muito frio, um frio de se lhe tirar o chapéu”, anunciava-se, no número I, que “Vasconha também tem comparticipada a sua electrificação”, com um orçamento de 761000$00 par as seguintes rubricas: materiais, 456500$, mão de obra – 178500$ e diversos – 126000$00, cabendo ao Estado o apoio de 445185$00, escalonada pelos anos de 1970, 71 e 72. Apontava-se como data limite para a concretização deste empreendimento o dia 29 de Fevereiro de 1972. A 10 de Janeiro, já não era apenas de frio que se falava, mas de “Neve, muita neve”. Por essa altura, andava João de Almeida e Costa por terras do Japão, de onde ia enviando saborosas crónicas, tal como vinha fazendo em relação às suas viagens pelos mais diversos cantos do mundo. Entretanto, muitos outros temas vieram à baila, porque esta região de Lafões nunca parou de viver, ora melhor, ora pior, mas sempre a sonhar com novas ideias e novos projectos, tal como os da construção de empresas com pés para andarem em frente, mesmo que, um dia, venham a fraquejar... A avicultura em maré de subida Para aumentar os seus conhecimentos, os avicultores foram de abalada até Póvoa de Lanhoso para aí visitarem a Granja Avícola de Porto d` Ave, numa iniciativa que partiu da firma “ Maiavícola”, de Antero Silva, que viria a ser um dedicado correspondente e colaborador deste jornal em Arcozelo das Maias. Ao abordar-se este tema, que estava muito presente nas vidas dos lafonenses desde os anos 60, vem a talhe de foice trazer-se aqui a constituição da empresa Uniávila – Sociedade dos Comerciantes de Avicultura de Lafões, Limitada, com sede na vila de Oliveira de Frades. Com um capital de 5000 contos (5000000$00), dividido por catorze quotas, foram seus fundadores Abel Soares Leite, Alexandre Fernandes da Silva, António Estêvão, António Ferreira Martins, Carlos Alberto Pereira da Silva, Celso Marques, Francisco Rodrigues, Joaquim Pinto da Rocha, Joaquim Rodrigues do Cruzeiro, Luís Rodrigues, Manuel de Almeida, Manuel Gonçalves Dias, Manuel Silva e Almeida e Manuel Quaresma da Costa e Silva, em escritura assinada no Cartório Notarial da vila no dia 3 de Fevereiro de 1971. Muito sentida como amargo de boca para os vouzelenses, nestes estava presente, qual espinha cravada na garganta, a célebre questão da perda da Comarca (1927), que levou mesmo, em sinal de esperança de que, um dia, ela iria voltar, a constuírem o seu Tribunal, agora a albergar os Paços do Concelho. Se em 1973, o tal milagre aconteceu e se fez luz, durante todas as décadas de vinte em diante, nunca este problema ficou esquecido. O “Notícias de Vouzela” do dia 10 de Março, e outros que se seguem, disso mesmo dão conta. Com uma clara intenção de se fazer do jornal um veículo de defesa de causas e valores, assim se começou por escrever: “... Pela nossa parte, não nos limitamos a esta simples nota. Vamos, uma vez mais, alinhar os fortes argumentos a favor da restauração da comarca de Vouzela. Não é difícil. Basta-nos recuar dez anos e procurar nestas mesmas colunas os elucidativos artigos que o nosso Director (Dr. Guilherme Coutinho) então lhe dedicou... “ Assim foi feito. E a luta veio, de novo, para a ordem do dia, por ser uma dor que importava fazer cicatrizar. Por hoje, por aqui nos ficamos, mas isto promete dar que falar... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Abr 2021

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