sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Natal sem sapatinho

Hoje, 19 de Dezembro de 2008, a Assembleia da República disse, por meias ou inteiras palavras, que o país está em crise financeira, económica, social, mas também política, verdadeiramente política. Por dá cá uma pequena palha, dois parágrafos de um Estatuto, o dos Açores, viu-se um braço de ferro, que não se sabe para onde vai cair. Teimosa e orgulhosamente, para não dizer que com alguma ardilosa estratégia, o PS cedeu demais aos seus correlegionários açorianos, voltando-se, ostensivamente, contra o Presidente da República.
Naquele órgão deliberativo, por excelência, que discute decisões eminentemente políticas, não compreendemos a razão que levou o Presidente da AR a considerar esta uma escolha política. E as outras e todas as outras o que sâo? Com tais considerandos, recuou na sua ideia de exigir uma maioria de dois terços, mas isso até de pouco valeria, porque, afinal, só o PSD se veio a abster, mais por razões estratégicas que de convicção.
A nosso ver, tratou-se aqui de uma palmada dada ao PR, que nem sequer a merece, tal a sua postura institucional de uma cooperação a toda a linha. Com isto, quis o PS ver se descobre uma fuga para a frente, que a actual situação desaconselha de todo em todo.
Só por isso é que a ponderação habitual de Belém não virá a equacionar tal cenário, porque a afronta recebida é grave demais, vinda de todas as bancadas, que não souberam estar à altura da gravidade do momento que vivemos.
Com um Natal assim, não há sapatinho que resista, nem prenda que se pretenda vir a obter.
Para amenizar este quadro, só a ideia de que o BPN, o tal, vai derreter 70 toneladas de moedas alusivas ao Euro 2004, por não as conseguir impingir, isto para nos fazer rir, quando a maré pede choro, muito choro. Pior que isto só o Maddof, que, esse, nem moedas tem, mas apenas uns míseros papéis que não valem tuta e meia.
Com a AR em figura de pai-natal envinagrado, com o BPN a fundir dinheiro real, com o Maddof a espalhar da América para cá mais um tornado, valha-nos o Natal, por favor, meu Deus.

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