quarta-feira, 16 de março de 2016

Dados para a educação no século XIX

Instrução popular a preocupar os políticos em 1845 - OFR Ao longo dos tempos, a educação tem sido objecto de crescentes e oscilantes preocupações. Foi sempre assim. Antes, durante e depois dos povos clássicos da Grécia e Roma, espalhando-se pela Idade Média, pelo Renascimento, Iluminismo, Positivismo, sempre, e por todo o lado, se pensou que era preciso fazer “alguma coisa”. No ano de 1845, lê-se no Arquivo Municipal de Oliveira de Frades, o Governo Civil, tendo como base uma Lei de 20 de Setembro de 1844, dirige-se às Administrações Municipais no sentido de se defender a “instrução popular, tão atrasado em nosso país, mais pela inércia natural do povo do que por falta de estabelecimentos literários… “ De uma forma muito concreta e, talvez, muito exagerada põe-se a culpa no elo mais fraco: a gente de cá de baixo, do povo, como foi escrito. Lá em cima, nos comandos, há de tudo, até condições físicas para esses fins, dizem. Como muito tempo depois, vemos que há falta de casas para escolas, que se tem de recorrer ao arrendamento e ao empréstimo, aquela não é mais do que uma figura de retórica. Mas aceita-se a boa vontade em ter-se uma população com bases de saber. Recorde-se que se vive, naqueles anos, o período do liberalismo, já um tanto distante das fratricidas guerras civis, entre as tropas fiéis dos irmãos Miguel e Pedro, pelo que a educação aparecia como uma peça do pretendido desenvolvimento. Ia-se mesmo mais longe: como é necessário persuadir os povos acerca das vantagens da instrução da mocidade, apela-se, exortando-os, aos párocos para que, nas suas igrejas, não esqueçam estas matérias. Nesta azáfama, a 28 de Maio do mesmo ano de 1845, vem, de novo, à carga o Governo Civil. Apoiando-se na já referida legislação de 1844, no que se refere à distribuição das escolas do ensino público e respectiva regulação, faz chegar às Câmaras Municipais e Párocos, numa busca de sintonia entre estas duas esferas da sociedade de então, a religiosa e civil, as devidas instruções. Um ano antes, em Março de 1844, era a vez de a Junta de Paróquia de Ribeiradio e seu Regedor lavrarem o seu protesto pelo facto de a escola daquela localidade ter sido desviada para Arcozelo das Maias, desprezando-se assim a centralidade – é o argumento invocado - e a possibilidade de receber também os alunos de Cedrim do Vouga. Como alvo da fúria local, aí temos as críticas a choverem sobre a principal culpada: a Câmara Municipal. Aconteceu isto em 1844… Carlos Rodrigues, “Notícias de Vouzela”, 2012

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