quinta-feira, 24 de março de 2016

Quinta-feira

Há anotes, nos meus tempos de rapazote, a quinta-feira só era meio santa: apenas da parte da tarde. De manhã, ainda que em férias da Páscoa, havia que bulir. À tarde, fato novo e cerimónias religiosas com a leitura de longos textos da caminhada de Jesus Cristo para a morte. Na sexta, acontecia o mesmo, aqui na Serra do Ladário, concelho de Oliveira de Frades, onde o litoral acaba e o interior começa. De manhã, tudo normal, mãos calejadas e fatiota de trabalho. De tarde, Igreja, para o momento solene da morte de Jesus Cristo. Outro dado de vulto: dia de jejum e abstinência, nem uma dentada em carne. Apenas peixe. Ou ainda: uma espécie de meia fome, para maior sacrifício. O mundo mudou: a sexta é dia santo de manhã à noite e é mesmo feriado nacional. A quinta perdeu a sua meia categoria anterior. Como lembrança de suas santas tarde, acontece que, por vezes, o Estado dá tolerância de ponto, depois do meio dia, e muitas Câmaras Municipais fazem-no quase sempre, haja ou não o exemplo vindo de cima, como aconteceu neste ano da graça de 2016...

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