quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Repensar os Bombeiros em S. Pedro do Sul

Pensar nos Bombeiros em tempo de calmaria Com um doloroso Verão por estas bandas do concelho de S. Pedro do Sul, em que houve dias de pavor e pânico verdadeiramente aflitivos para algumas das suas povoações e populações mais afectadas, nesta fase de rescaldo em acções e ideias, vamos hoje consagrar algumas linhas a uns protagonistas de excelência em matéria de agentes da Protecção Civil Municipal. Sem se andar com o coração na boca, agora que, passada essa aguda fase, somos obrigados a fazer um exercício que nos leve a que sobre ela se reflita e se tirem conclusões, importa que se tragam para a primeira linha os nossos Bombeiros. Digam o que disserem, eles são os pilares essenciais de todo o esforço colectivo que se faz para proteger pessoas e bens. Voluntários, mas com sólidas bases de conhecimentos técnicos, esquecer o seu contributo essencial é falsear todo e qualquer esquema que se monte para agir em situações de tragédia e catástrofe. Não se descurando o papel de outros intervenientes nestes Planos concelhios, vemo-los sempre como a sua base, ou, numa palavra, como um alicerce sem o qual nada se segura, por mais brilhantes que sejam os argumentos que se venham a escrever nos papéis e a editar em organogramas. Neste território de 348 km2 e de 14, (ou melhor) 19 freguesias, as respostas a este propósito vêm da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de S. Pedro do Sul, com mais de 130 anos de existência e saber acumulado, do Corpo de Salvação Pública da mesma cidade, de fundação mais recente, e da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Santa Cruz da Trapa. Falando-se, desde há anos, no futuro Agrupamento, por enquanto, esse objectivo pouco mais do que saiu do papel. Há mais de seis anos, em Fevereiro de 2010, apareciam, em nomeação, os primeiros dirigentes do recém-criado Agrupamento das Associações Humanitárias dos Bombeiros Voluntários de S. Pedro do Sul, apontando-se como primeira prioridade a construção de um novo Quartel comum. O que se sabe é que, até este momento, ainda não se vê nada de novo quanto a essa ambição. Como estamos, nestes tempos, em período cremos que de pausa, esta é a hora para se voltar a abordar esse complicado processo, se é que se pretende avançar com ele, continuando a juntar esforços e boas vontades. Quando as sirenes encheram os ares dos seus estridentes e apelativos, ainda que dramáticos, sons, nada, nessas alturas, há a fazer a não ser socorrer quem precisa de seus tão importantes e decisivos serviços. Então, qualquer conversa que se pretende serena e ponderada deixará de ter razão de ser. É daqui até Junho ou Julho, se nada houver em contrário, que o diálogo tem de vir ao de cima e ser produtivo. De contrário, será mais uma outra forma de se falar para o boneco, sem quaisquer efeitos práticos. Com missões e funções estruturantes na orgânica da Protecção Civil Municipal, no documento em que se abordam, em esquemas, os papéis de cada um de seus agentes, em 2015, refere-se que, na fase de emergência, cabe aos Bombeiros a prevenção e combate aos incêndios, a participação, em geral, nas diversas prestações de socorros, o transporte de acidentados e doentes, a colaboração em acções de aviso e alerta, bem como em tarefas de ordem mortuária, apontando-se ainda a promoção do abastecimento de água e a disponibilização de instalações para as populações, em caso de necessidade, estendendo-se também à distribuição de alimentos, assistência sanitária e social. No que respeita aos fogos, aquando da fase de reabilitação, devem executar acções de rescaldo, apoiar o transporte de regresso de pessoas desalojadas, seus bens e animais e assegurar o transporte de água potável, entre outros aspectos. Sempre em estreita coordenação e cooperação com os demais elementos e estrutura de comando, que compete ao Presidente da Câmara Municipal, ou em quem tais competências sejam delegadas, por estas enumerações se vê quanto de fundamental está nas mãos de nossos Bombeiros, neste caso, e ainda bem (pensamos nós), voluntários. Agora em que amainaram as suas funções, vai para eles uma palavra de gratidão e reconhecimento por tudo quanto fazem e fizeram, ainda que tudo isto tenha sido dito vezes sem conta. Mas nunca é demais repeti-lo. Por outro lado, parte daqui o nosso voto de estímulo a que prossigam, sempre com a mesma coragem e abnegação, a sua razão de viver no seio de nossas comunidades, em cumprimento dessa fantástico lema, “Vida por Vida”. Na forma como se encontram organizados ou em Agrupamento, desta valorosa gente o que se espera, afinal, é apenas isto e só isto: dar tudo em favor das terras e gentes onde se inserem e de quem, daqui ou dali, lhes bater à porta. Esta disponibilidade total não tem preço. É tudo isso que lhes devemos. Em cada momento e por toda a vida. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, Outubro, 2016

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