quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Com a greve nos transportes de combustíveis, isto não anda bem....

Combustíveis na berlinda É costume andarmos a fazer contas quanto ao abastecimento de gasóleo e gasolina devido à pressão dos preços, mais a subir que a descer, semana a semana. Desta vez, as preocupações são de outra ordem: falando-se numa eventual greve por tempo indeterminado, relativamente ao abastecimento dos postos, agora isto chia mais fino. Já não é apenas o preço (que até vai descer) que motiva a nossa atenção, mas as torneiras que podem ficar secas. Depois de dias e dias em acesas discussões, com todo o país preso na teia dos argumentos de parte a parte, prevê-se que segunda-feira, dia 12, os camiões venham a parar. À hora que escrevemos estas linhas, apenas se sabe que o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas e o Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias deliberaram, em plenário, “não dar nunca um passo atrás”, avançando mesmo com a greve. Do lado de lá da barricada, a ANTRAM – Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias – contesta esta posição, facto que tem vindo a acontecer desde que as partes (re)entraram em negociações, sem quaisquer resultados práticos. Recorde-se que, há meses, uma acção deste género quase colocou o país de tanga. Apoiando-se nesse duro evento, o Governo, desta vez, não quis entrar em cena apenas para apanhar os cacos, mas optou por intervir “a priori”, em termos de mediação. Sem ter obtido qualquer sucesso nessa sua estratégia, o último passo foi declarar o estado de emergência e determinar os serviços mínimos, em escalões que vão dos 50 aos 100 %. Também este desfecho não agradou aos motoristas, de maneira nenhuma. Cremos até que, pelo contrário, foi mais gasolina colocada em fogo que já lavrava com grande intensidade. Na dúvida e no receio, os portugueses agarraram-se ao velho costume do desenrasca e correram para os postos de combustíveis, atestando as viaturas e levando material de reserva em tudo o que aparecesse com cara de pote. Resultado: bem antes da greve, em muitos locais tudo desapareceu, no todo ou em parte. Deste modo, extrapolando, pensamos que, durante uns dias, a satisfação ditará a sua lei, porque barriga cheia raramente recebe mais comida. E agora: o que irá acontecer? Com tão drásticos serviços mínimos, praticamente totais em muitas situações, ninguém sabe como é que todo este imbróglio vai acabar. Também são muitas as incertezas nos chamados postos normais, aqueles que estão fora da Rede de Emergência, sendo que esta cobre pequenas partes do todo nacional. Com o facto de se estar perante um evento sem fim à vista, são mais que muitas as preocupações. Com a requisição civil em cima da mesa, com as forças policiais e militares a postos, com o Governo a mostrar uma forte posição musculada, isto não augura nada de bom. Sendo constitucional a greve, é voz corrente que nem todos os fins justificam os meios. É que há um país que pode parar ou entrar em colapso e isso tem de ser evitado a todo o custo. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, Ago19

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