quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Interior a perder habitantes e representatividade. Viseu com menos um deputado

Ao olharmos para a documentação que sustenta as novas eleições legislativas, logo nos saltou para cima das nossas preocupações o facto de, entre dois distritos que perderam um deputado em favor dos grandes centros, um deles ter sido o de Viseu. Com nove lugares em disputa desde há muitos anos, em Outubro de 2019, esta tabela, com tudo o que de mau representa, cai para oito. Em igual descida, temos também a Guarda, a tombar de 4 para 3 na respectiva lista de candidatos ao Parlamento. Ao invés, Lisboa e Porto aumentam mais um representante cada um, respectivamente. Poderemos ser levados a pensar que, mais voz, menos voz, tanto faz. Quem dita o rumo das votações são as elites dirigentes políticas, as célebres organizações partidárias (que, há que reafirmá-lo, são os pilares da democracia!...) e, se assim é, que fazem lá os 230 deputados eleitos nestes actos populares, pergunta-se. Sendo essa uma discussão que faz algum sentido, a tónica tem de ser outra: o povo - todos nós - tem de lutar pelos seus reais representantes, caso contrário isto é tudo uma espécie de farsa. Feitas estas considerações, dói-nos imenso ver os nossos territórios ao abandono e sem ninguém que os defenda. Um a um, vão saindo os seus habitantes e, por tabela, até o número de deputados demonstra uma desigualdade assustadora. Agora, Viseu e Guarda, irmãos na vizinhança e na desgraça, foram atingidos por este tsunami. Calam-nos as vozes, abafam-nos o futuro. Num exercício quase aritmético, vejamos o que está a acontecer: em 15791 km2, temos 141 representantes a eleger, em Setúbal (18), Aveiro (16), Lisboa(48), Braga(19) e Porto (40). Por outro lado, em 16290 km2, apenas preenchidos por Beja (3) e Portalegre (2) subirão as escadas da Assembleia da República apenas cinco eleitos. Isto é gritante. Isto é um desastre nacional. Com tantas dúvidas na cabeça, propomos mesmo: que se criem círculos eleitorais nas grandes áreas metropolitanas com os habitantes idos de todos os lados e de mais algum. Talvez assim a nossa voz se faça ouvir, ponto a ponto. Como assim não acontece, perde representatividade Portugal e o país esfarela-se cada vez mais: uns levam a farinha, outros ficam com os restos das espigas. Cristo, isto assim não vale!.... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, 8 de Agosto de 2019

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