sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Um pais com território sem representantes na Assembleia da República

Um país onde o território conta pouco Para melhor compreendermos o título com que iniciamos este trabalho, basta dizermos que maior distrito em área territorial, Beja, com 10225 km2, 11.1%, em 92090 de todo o país, terá na Assembleia da República apenas 3 deputados, enquanto que o de Lisboa, com 2761 hm2, verá subir àquele órgão deliberativo 48 representantes. Com este quadro, logo se descobre que o espaço vale muito pouco, quase nada, nas contas a fazer nas próximas eleições legislativas. Vale, sobretudo, o número de pessoas, mesmo que estas se encontrem apertadas como sardinha em lata numa nesga de terreno. Em Beja, segundo uma das últimas previsões populacionais, viviam 158702 pessoas e em Lisboa, 2884984. É abismal a diferença. E assustadora. Num lado, cheira a deserto iminente; no outro, a uma amálgama de gente sem quase poder respirar. A Beja, em triste sina, podemos associar ainda Portalegre (2 representantes), Évora, Guarda, Bragança (3), Castelo Branco (4) e Vila Real (5). Viana do Castelo (6) vem a seguir, aparecendo, depois, Viseu (8), Santarém, Faro e Coimbra (9), Leiria (10). O peixe graúdo vem mesmo do litoral, como aqui demonstramos: Aveiro (16), Setúbal (18), Braga (19), e, lá no topo, Porto (40) e Lisboa (48). Numa outra perspectiva, só Lisboa e o Porto, enquanto distritos, ultrapassam a fasquia dos 2 milhões de habitantes, respectivamente, com 2884984 e 2397191 residentes. O salto, para baixo, é enorme: Braga com 924351, Setúbal (880765), Aveiro (814456), Faro (569714), Leiria (560484), Coimbra (541166), Santarém (454947), Viseu (378784), Viana do Castelo (252952), Vila Real (214490), Castelo Branco (196989), Évora (174490), Guarda (167359), Beja (158702), Bragança (140385) e Portalegre (120585). Entretanto, a Região Autónoma da Madeira (272706) e a RA dos Açores (249459) apresentam estes resultados, sendo que a Madeira tem apenas 801 km2. Os números são o que são. O pior é que eles falam de pessoas, pelo que todo o seu peso tem de nos fazer pensar. Já não se vive a duas velocidades. Estas são muitas e dolorosas. Há terras que quase já não têm voz nem se vislumbra quando isso possa voltar a acontecer. As eleições serão em Outubro. Em Agosto, o país está de férias e, neste momento, a contas com um enorme problema, o da possível falta de combustíveis. Os programas partidários já foram registados nos respectivos papéis. Não se vêem grandes linhas que nos mostrem grandes preocupações com esta candente questão do despovoamento, nem de um país a tombar para o mar. Lafões não foge a este registo negativo. Sempre a perder população, a sua alma escurece. Mas a vontade de vencer, essa, continua bem viva. Dos oito candidatos por Viseu, alguns dos possíveis representantes têm aqui o seu berço. Esperamos é que façam ver que existimos e temos força para irmos em frente. Se por possível e necessário, uns murros na mesa não serão nada descabidos. Que se mostre que territórios vazios são um desastre. As tabelas apresentadas mostram essa triste realidade. E é pena que assim seja. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Ago19

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