quarta-feira, 25 de setembro de 2019

O Brexit e os portugueses na Inglaterra

Portugueses na Inglaterra entre o medo e a esperança No“Lafões” desta semana, vamos fazer uma viagem até ao Reino Unido, ou Grã-Bretanha, ou Inglaterra, tantas são as designações por que é conhecido aquele espaço territorial, porque ali se vive, em sede de ligação à União Europeia, um forte período de conturbações diversas com a aprovação, em referendo, da saída do nosso espaço comum, o que se designa como BREXIT (exit- saída, BR, Bretanha). Com o pensamento focado em alguém que esteve muito ligada a este “Notícias de Vouzela”, a Sónia Pereira e a Lurdes Pereira, nelas englobamos todos os nossos conterrâneos que vivem estas aflições. Na verdade, o que está em causa é um corte com a Europa dos 28 países, o que travará os fluxos naturais que se verificam em toda esta parte do globo, a união das uniões de todos os tempos, salvo o Império Romano e até, em certa medida, o esforço napoleónico para o reconstituir. Se tal se concretizar, o que está previsto para o dia 31 de Outubro, que o actual Primeiro-Ministro, Boris Johnson , quer concretizar a todo o custo, nem que seja à martelada, isto é, com uma saída à toa, sem papéis e sem quaisquer salvaguardas, o desastre pode ser total e ninguém, de lá e de cá, se arrisca a prever o futuro. Hoje, o que queremos é dizer que estamos, como jornal e carta de família, ao lado de quem pode ver a sua carreira por ali a desfazer-se, ou, no mínimo, a sofrer alguns contratempos, nem que seja de chatices e papelada a tratar para manter o estatuto anterior. Não são fáceis, neste contexto de incerteza, os próximos tempos. Habituados a ver no RU uma terra que o Canal da Mancha não isolava (ainda que tenha havido, desde a sua adesão, já algo tardia, muito depois de 1957, alguns fortes amuos como o da cadeira vazia nos tempos de Charles de Gaulle e, mais tarde, a recusa em aderir ao Euro) e que permitia uma circulação aberta em muitos domínios, agora deparam-se com a possibilidade de tudo isso se perder. Muito embora se tenham inscrito no acordo assinado com Theresa May algumas boas cláusulas que permitam que a vida dos emigrantes da UE ali residentes se venha a processar com alguma regularidade, se a saída for “à bruta”, tudo de mal pode vir a acontecer. Todos nós recordamos as épicas batalhas travadas no Parlamento britânico em redor desse mesmo acordo, com votações sucessivas em que a anterior PM foi, sucessivamente, derrotada, a ponto de se ter demitido, e que agora o actual PM veio a fechar até ao dia 14 de Outubro, para, mais facilmente, manobrar tudo a seu belo prazer. Tudo isto são aspectos gerais, mas o que mais nos preocupa, para sermos sinceros, são as consequências que podem vir a surgir na vida dos nossos muitos emigrantes que ali vivem, trabalham, fazem e têm feito vida, muitos deles há anos,décadas e mesmo várias gerações. Segundo o Secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, só nos últimos tempos mais de 35 000 portugueses ali residentes pediram ajuda e informações consulares, o que denota a ansiedade de toda essa nossa gente. Dramática foi, há dias, por exemplo, a interrupção de uma entrevista de uma cidadã portuguesa a gritar por socorro, acrescentando que a esta terra “ dei a minha juventude”. Por mais medidas de contingência que se estejam a elaborar e a proclamar, no sentido de se acautelarem efeitos nefastos na vida de quem ali habita, estamos convictos de que são mais os temores no futuro que as esperanças na continuação da vida próspera que, em geral, por ali se tem vindo a desenrolar. Muitas coisas estão em jogo neste complicado processo: o emprego, as aposentações, a escola dos filhos, o reconhecimento de diplomas, a livre circulação e tudo quanto, até aos momentos actuais, tem sido dado como certo. Amanhã, se o RU passar a ser um país terceiro, isto é, um não membro da União Europeia, tudo pode ser muito diferente e para pior, tememos nós. Nestas horas de aflição, desejamo-vos, Sónia Pereira e Lurdes Pereira, e a todos os nossos concidadãos, que essa grande ilha e arredores repensem tudo isto e recuem na decisão de abandonar a Europa em que nos integramos. Nem que para isso alguém venha a dar um forte murro na mesa. Às vezes, isso é preciso, útil e fortemente terapêutico... Carlos Rodrigues, Set19, Notícias de Vouzela

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