quarta-feira, 25 de setembro de 2019

O passado e o presente das nossas escolas....

No início de um novo ano escolar Recordar o passado é também aprender A escola de massas a que têm hoje, em regra, acesso todas as crianças e jovens, nas devidas idades, é um fenómeno bem recente, se visto à luz da medida do tempo histórico. Até meados do século passado, havia muita gente nas nossas terras e poucas ou nenhumas respostas educativas satisfatórias. Na actualidade, temos edifícos e instalações a mais, vazias e a caírem, e povoadores a menos. Triste fado é este em que cresecem os lares e morrem os estabelecimentos de ensino. Depois de a Igreja ter sido a entidade que regulou todo o reduzido edifício escolar ao longo de séculos, só após o ano de 1820, com a Revolução Liberal, é que o Estado entra em acção, começando a querer pegar nestes seus cordelinhos e a moldá-los, muitas vezes, em seu proveito. Coube também às Câmaras Municipais uma parte substantiva nesta área social, ao assumirem muitos e diversificados compromissos, bem mais vastos que aquilo que, actualmente, lhes é pedido e solicitado. Para comprovarmos isto, basta dizer-se que até os Professores estiveram sob a sua alçada em recrutamento e controles diversos. Ainda durante a primeira República, assim foi acontecendo. Com o aparecimento, em força, do Estado Novo, sobretudo a partir da Constituição de 1933, a educação como que arrefeceu em muitos campos. Porém, por força dos acontecimentos e das novas necessidades empresariais nos grandes centros, como Barreiro e Lisboa, ou mesmo o Porto, em que se exigia às comunidades rurais em fuga para essas cidades alguma escolaridade, surgiu o Plano do Centenários, sem dúvida, a fase de maior construção de edifícios do ensino primário alguma vez acontecida. Dessa forma, a escolaridade espalhou-se um pouco por todo o país, em moldes padronizados e adaptados, em arquitectura e materiais, às diversas zonas. Mas só nos anos sessenta, através do Decreto 42994, de 28 de Maio de 1960, é que a então quarta classe passou a ser obrigatória para as meninas. Até aí ficavam apenas com a 3ª, ou nem isso. A montante, em matéria de creches e ensino pré-escolar, nem por sombras aí se chegou. E a jusante, a partir desses níveis de escolaridade, os avanços foram lentíssimos e espaçados no tempo. Valeu, em muitos casos, a iniciativa da sociedade civil com a criação de colégios, como o de S. Tomás de Aquino, em S. Pedro do Sul, nos anos 50, o Externato Lafonense, em Oliveira de Frades, e o Colégio de S. Frei Gil, em Vouzela, já nos inícios da década de sessenta. Importa não esquecer que, anos antes, o Dr. António Figueirinhas tinha dado à luz esses patamares de ensino, bem como, nas décadas de trinta e quarenta, o Colégio Lafonense, de Oliveira de Frades, tivera, na região, papel de relevo. No panorama nacional, o ciclo complementar do ensino primário (6º ano) nasceu com o Decreto-Lei 45810, de 9 de Julho de 1964. Três anos depois, em 1967, surge o Ciclo Preparatório.Em 1972/1973, com a reforma das reformas de Veiga Simão, passamos a ter as Escolas Preparatórias, o Ciclo Preparatório Unificado, começa a estruturar-se o Pré-Escolar e o próprio Ensino Superior. É desse tempo, aqui bem perto, uma das suas fortes criações, a Universidade de Aveiro, retirando a Coimbra, Lisboa e Porto o seu quase monopólio. Nesta resenha, desde 1965, uma nova e inovadora forma de escolaridade foi a Telescola, com postos particulares a aparecerem em muitos locais, passando-se, em 1971, para sua fase pública. A certa altura, Oliveira de Frades teve 4 postos, S. Pedro do Sul, 7, e Vouzela, 6, número que foi variando ao longo dos tempos. Uma curiosidade a reter: com este tipo de ensino, os lugares mais recônditos como Lameiro Longo, Adside e S. Martinho das Moitas ofereceram a muitos rapazes e raparigas a possibilidade de fazerem o 6º ano e prosseguirem, em muitos casos, as suas carreiras académicas. Ontem, a escola ia até às aldeias. Hoje, a concentração de alunos é a regra e mesmo assim o despovoamento mostra a sua face negra: deixamos de ter alunos para passarmos a ver, nas nossas ruas, apenas os idosos. Infelizmente. Carlos Rodrigues, Notícias de Vouzela, Set 2019

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