sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

A voz de um cientista sobre a Covid 19 e algumas discordâncias...

Covid 19 na voz crítica de um cientista Tiago Vicente discorda da forma como se tem combatido a pandemia Com uma larga carreira científica vivida essencialmente na Suíça, Tiago Vicente, natural de Lisboa, mas com raízes na Sobreira e Reigoso, respectivamente, terras de sua avó e de seu avô maternos, prontificou-se a falar connosco, respondendo às questões escritas que lhe colocámos. Naquele país, tem vindo a desenvolver a sua actividade do mundo das biotecnologias em firmas de reconhecida nomeada, como a Octapharma, no cargo de gestor internacional de produtos hematológicos, Pfizer, como cientista principal, e ainda na Redbiotec, Novartis e outras. Mostrando fugir bastante àquilo que temos visto, ouvido e até seguido, em sede de combate à Covid, quisemos mostrar essa diferença de opiniões. Licenciado no Instituto Superior Técnico (IST) em Engenharia Biológica, e tendo feito o doutoramento no IBET em Engenaria Química e Biotecnologia, toda a sua formação prática, em contexto de investigação e divulgação, tem passado pela Suíça como base de trabalho, mas a espalhar os seus conhecimentos por outras partes e um sem número de publicações e comunicações. Dado que as respostas se mostraram demasiado extensas, tomámos a liberdade de ir fazendo uns cortes e ajustamentos, sem, contudo, beliscar a essência do seu pensamento. Queremos ainda dizer que, em muitos casos, temos, pessoalmente, opiniões opostas, mas a força do jornalismo é esta mesmo: dar voz a quem sabe e o Tiago Vicente mostra estar num patamar muito elevado, como veremos. Aqui fica o seu testemunho, prometendo nós trazer, dentro de dias, a estas páginas quem pensa de forma diferente. É no confronto de ideias que se faz o conhecimento. Passemos então às questões: - Percurso de vida: as razões de uma escolha académica. Fui para onde me aliciava mais e era melhor. Sempre fui um miúdo fascinado por ciências, e pouco ou nada com letras ou artes... Daí juntou-se o útil ao agradável. E correu bem, foi um período excelente no IST (Instituto Superior Técnico) e com bastantes sucessos! - A partida para o estrangeiro. Porquê? Quando cheguei ao último ano do meu curso de Engenharia Biológica, consegui ter a oportunidade de realizar um estágio profissional de 6 meses na Novartis em Basel, Suíça... Nessa altura, reconheci de imediato que trabalhar na indústria farmacêutica e/ou biotecnológica seria algo muito interessante e com desafios muito aliciantes. Acabei por regressar a Portugal onde realizei o meu trabalho de doutoramento em Engenharia Química/Biotecnologia no IBET. Um período excelente também que me abriu imensas portas. O bicho continuou lá dentro e acabei, após defender a minha tese em Oeiras, por aceitar uma posição numa start-up na área de vacinas em Zurique em 2010. E pela Suíça fiquei, entretanto agora com duas filhas metade suíças, metade portuguesas... - As altas esferas da ciência. Como se navega por aí e qual o papel das bases em estudos feitos? A bagagem de partida foi sem sombra de dúvida mais do que boa. O rigor do Técnico ...bem como as imensas portas que o IBET durante o doutoramento me abriu, resultaram numa oportunidade única para me tornar um cientista com credenciais ao mais alto nível.... E a pensar criticamente. - A Covid e os momentos que vivemos. Como avalias o que está a ser feito? A COVID-19...uff... Um tema que me move e perturba imenso desde Fevereiro/Março de 2020. (Com a experiência da) Pfizer, onde trabalhei precisamente para o departamento de I&D para novas Vacinas baseado nos US – diz-nos que se sente com bagagem para falar deste tema, acrescentando que “O vírus SARS-CoV-2 (que provoca COVID-19), é um dos vírus da família beta-Coronavirus, vírus tais que se entretêm em cada ano que passa (principalmente nas estações do Outono/Inverno) com a população provocando as normais constipações mais ou menos severas, especialmente em pessoas mais vulneráveis. São portanto sazonais”. (Acontece que)em Fevereiro/Março de 2020 certos “expertos” mundiais anunciavam o apocalipse com premonições de até mais de 5% da população mundial a morrer da infecção por um novo coronavírus altamente letal. Deixa qualquer um atónito como é óbvio! Como sabemos essa previsão tornou-se muito, muito errada, mesmo já em finais de Março ou em Abril, simplesmente analisando dados efectivos de mortalidade... Apenas na classe etária acima dos 65 anos se viu um acréscimo no excesso de mortalidade (face à normal mortalidade no mesmo período). Não seria lógico e sensato focar os esforços nas pessoas de grupo de risco e deixar o resto da sociedade continuar a sua vida? Parece-me óbvia a resposta. Infelizmente a Organização Mundial de Saúde (WHO que estou mais habituado) decidiu ignorar esse facto e não tomou nenhuma posição de responsabilidade. Muito muito pior, exacerbou uma narrativa de medo e histeria. E fez questão de a generalizar! E para todos... Quiçá o maior problema desta pandemia é o teste que a WHO elevou a “gold standard” para detecção de casos COVID-19. Um teste baseado num protocolo de RT-PCR não validado e com erros cientificamente muito sérios. Erros tais com um impacto absolutamente massivo à escala mundial. Porquê? Porque a sua taxa de falsos positivos é enorme, e, ajudada ao facto da população estar em pânico, cada vez mais pessoas são testadas desnecessariamente... É muito perturbador deparar como os governos do mundo ocidental decidiram lidar com esta pandemia... Para além disso, a simples ideia que este novo coronavírus se iria erradicar é surreal. Isso é simplesmente impossível com um vírus respiratório deste tipo. Parece-me também devastador que os nossos governos, em Portugal, mas também aqui na Suíça e resto da UE, se permitam crucificar a economia e a vivência das famílias nos seus círculos sociais em nome de um vírus respiratório deste tipo... - Há quem entenda que tudo está mal. As vacinas serão a única tábua de salvação possível? A vacina da Pfizer é uma vacina experimental no que diz respeito à segurança a longo prazo. Simplesmente porque não houve tempo suficiente para se realizar: uma vacina em desenvolvimento tem de passar com sucesso os seus estudos pré-clínicos (em animais) e as suas três fases clínicas: um processo que demora na melhor das hipóteses uns 3-4 anos para uma vacina. Antes de 2020. De repente em 2020 as regras mudaram?... (Além do mais) existem fármacos anti-virais ou anti-malária já provados em vários ensaios de observação clínicos com pessoas efectivamente infectadas com SARS-CoV- 2 e que são curadas sem problema de maior. Porquê se ignoram tais soluções para esta doença em especial? Não é uma questão de opinião pessoal. Os dados clínicos comprovam-no — já desde o Verão de 2020 variados estudos reportaram eficácia com este tipo de terapias anti-virais... - Como olhas para o teu e nosso país e para o mundo em geral? É muito triste ver esta realidade. E só posso justificar esses números pelas decisões muito mal tomadas pelas entidades governantes (governo/DGS)... Que se esperava? A vida teve de continuar em 2020. Pessoas com as suas doenças normais e/ou crónicas e outros problemas continuaram a existir. Apenas se desprezaram. COVID-19 apenas é uma de muitas... - Repetindo, precisamos então de vacinas e de medicação... Isso mesmo. Há muitos anos trabalho na indústria nesta área de desenvolvimento de biofármacos e vacinas. Eu próprio sou alguém pró-vacina — eu tenho as minhas vacinas em dia e as minhas duas pequenas filhas também. Mas não posso deixar de ter consciência e ignorar o que temos disponível hoje. As regras são universais e as mesmas de sempre na ciência e medicina... Sim, continuar a trabalhar nas vacinas, seja a da Pfizer, seja a da Moderna ou outras que demonstrem iguais ou melhores perfis de eficácia e segurança, mas até lá chegarmos existem alternativas... - Como vês a ligação entre a ciência e a política? Qual deve prevalecer? A política deve permanecer política e ciência permanecer ciência. O governo deve obviamente apoiar-se em conselhos científicos da mais alta qualidade, no que diz respeito à autoridade de saúde nacional. Porque obviamente mexe com toda a sociedade. Mas deve fazê-lo não descurando diferentes opiniões de pessoas com credenciais de excelência nas diferentes áreas. Ora neste caso, claramente deve apoiar-se em gente (cientistas, médicos, e outros) que olhem para a imunologia desta doença, deste vírus, para os seus primos coronavírus, para a história da virologia, epidemiologia, e experiência clínica com doenças respiratórias deste tipo. É-me impossível acreditar que algumas destas vozes tenham realmente sido escutadas de forma séria pelos nossos governantes.... - 8 - Que tens a dizer acerca de tudo isto? Como vamos sair desta Covid 19? Oxalá mais vozes de todas as arenas se oiçam demonstrando as várias falsidades perpetuadas durante esta pandemia. Não por capricho ou porque têm uma opinião, mas porque os dados estatísticos, a ciência e medicina de rigor e excelência o provam. Esta “pandemia de casos positivos de RT-PCR” sem significado clínico deixou o mundo cair no precipício. E Portugal foi mais um deles. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela (parcialmente)”, Fev 2021

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