sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Futebol no concelho de Vouzela e clubes desaparecidos...

O futebol em tempos idos e na actualidade Queirã avançou com o seu Paio Vezoiz CR Os últimos anos da década de setenta do século XX foram de um fervilhar intenso quanto à constituição de associações e colectividades de todo o género, umas a nascerem de novo, outras a dar vida a projectos mais ou menos adormecidos. Como que se de uma rolha a saltar da garrafa de champanhe se tratasse, quase todas as nossas localidades afirmaram a sua vontade de colocar pedras nesse novo edifício organizacional das diversas comunidades. Lafões em geral e Vouzela em especial, porque é essencialmente deste território que hoje vamos falar, deram o seu bom contributo. Se muitas áreas se podem citar, a do futebol teve uma grande palavra a dizer. Um pouco por todo o lado, improvisaram-se campos, feitos à pressa uns, mais duradouros e amadurecidos outros. Para os ocuparem nasceram ou ressuscitaram os vários clubes. Um destes, que aqui vamos tentar fotografar, em linhas de texto corrido, teve mesmo uma designação arrancada ao baú da história local, pegando no nome grande de um de seus antepassados, o Paio Vezoiz, de Queirã. Personalidade da era afonsina, a do nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques, reza a história que recebeu, em 1134, deste monarca o espaço em questão. A esta freguesia já não eram estranhas estas andanças do associativismo, porque na memória de todos ainda reinavam as lembranças das Minas da Bejanca e de tudo quanto, na esfera social, por ali se passou, no tempo em que eram às centenas as pessoas a viverem naquela área de cerca de 30 hectares, onde cresceram essas práticas dos jogos a pataco em zona em que o dinheiro ora abundava, ora se escapava das mãos, qual fumo que se espalha pelos céus e nada cria. Por outro lado, a União Desportiva Paio Vezoiz, constituída por escritura em 26 de Março de 1977, nascia do seu antecessor Grupo Desportivo de Queirã, que já militava nas hostes do INATEL, esse novo mundo institucional que deu guarida a um sem número de associções de futebol, de atletismo, de folclore, de música e outras funções culturais, desportivas e recreativas. Um dia, a história não pode esquecer este notável apoio que veio desse herdeiro da antiga FNAT. De uma só penada, antes de entrarmos pelas páginas do Paio Vezoiz, podemos acrescentar que nos vêm à cabeça, por estas bandas, os grupos desportivos de Alcofra, de Campia, de Cambra, de Figueiredo das Donas, de S. Miguel do Mato, de Queirã, de Arca, de Arcozelo das Maias, de Ribeiradio, de Pinheiro de Lafões, de S. João da Serra, de Santa Cruz da Trapa, de Sul, de Vila Maior, de Paços de Vilharigues em atletismo e tantos, tantos outros exemplos. Foi nestas competições que se iniciou a vida do futebol organizado em Queirã, como vamos ver. Com os estatutos alterados em 5 de Junho de 1980, com sede na Casa do Povo, adoptou como seu terreno do jogo o Campo da Giesteira, um novo povoado que se deve essencialmente à fixação dos nossos conterrâneos que regressaram das ex-colónias, essencialmente, nos anos de 1975/76 e por aí adiante. Zona nova, deu vida então ao desporto e à Feira da Giesteira, também outra ideia a reter. Iniciando as lides futebolísticas, primeiro com jogos amigáveias, posteriormente nos campeonatos do citado INATEL, o que aconteceu em 1975/76, vem a filiar-se na Associação de Futebol de Viseu em 1977, na segunda divisão distrital, escalões, esse e outros, que veio a disputar até finais de oitenta, incícios da década de 90 desse mesmo século XX. Pelo meio, houve a subida à 1ª Divisão, 1980/81 e novas descidas à segunda e à terceira, esta, anos mais tarde, em 1987, com muita pena dos habitantes de Queirã. Alguns passos deste clube Como não há futebol sem jogadores, nos primeiros tempos e até um tanto mais tardiamente ali passaram, entre outros, o Américo, Serafim, Fernando de Oliveira, Marciano (treinador-jogador), Tino, Fernando Pereira, Chaves, Costa, Fernando Silva, Acácio, Jorge, Silvério, Carlos, Celso, Hermínio, Orlando, José Marques e Mendes, segundo informações colhidas neste formidável arquivo que é este jornal “Notícias de Vouzela”, em correspondência do saudoso António Ferreira do Vale. Dessa mesma fonte, ficámos a saber que foram seus primeiros dirigentes oficiais os seguintes elementos: - Direcção – Reinaldo Fernandes da Luísa, Júlio Rodrigues de Carvalho, Àlvaro Marques de Oliveira, Emílio Fernando de Oliveira, Adelino Duarte Gonçalves e como suplentes, Antero Rodrigues de Carvalho e José Marques; Assembleia Geral – Joaquim Pereira da Costa, Silvério Mendes Martins e Antero Rodrigues de Carvalho; Conselho Fiscal – Manuel Madeira, Acácio Marques Ferreira e José Marques. Em 1980, uma tripla festa apareceu em Lafões: certo dia de Junho, juntaram-se Oliveira de Frades, por ter subido à 3ª Divisão Nacional, Vouzela por ter permanecido na 1ª distrital e Queirã por a esta ter acedido. Desta jornada, ficam os ecos noticiosos: “... Buzinando, tocando gaitas, rufando tambores, a caravana segue para Queirâ. Lado a lado, gentes de VZL e OFR cumprimentam Queirâ, pela sua ascensão à 1ª divisão”. Houve ainda festejos na Colmeia (OFR) e bailarico ao som da música do Conjunto Shallom da terra deste Paio Vezoiz, que, na última partida, tivera ainda a animação do Rancho Folclórico de Vasconha. Tudo ia de vento em popa, até que a derrocada começou a desenhar-se com as descidas à 2ª divisão da AFV e, por fim, à 3ª. Foi o princípio do fim, Em 1990, viria mesmo a dar por terminada esta sua carreira. E assim, de uma forma inglória, se pôs fim a um projecto e a um sonho realizado que tantas alegrias ( e dissabores) deu aos mais de 1600 habitantes que ali viviam por essa altura, mais os que por esse mundo foram seguiam as suas vitórias e derrotas, ora com palmas, ora com dores e apertos de coração. Dos clubes citados, neste concelho de Vouzela, restam o GD de Campia e a Associação os Vouzelenses. Mais nada, o que é pena... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Fev 2021

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