domingo, 14 de fevereiro de 2021

Ensino à distância em Lafões...

De novo, o ensino à distância Escolas fechadas, crianças e jovens em casa CR Com o encerramento dos estabelecimentos escolares, numa segunda fase e no âmbito do endurecimento das medidas tomadas em contexto do estado de emergência, nos primeiros dias, não houve mesmo quaisquer actividades lectivas. Como, porém, chegou a hora de alargar o período do fecho das escolas, uma nova realidade se impôs: avançar para o ensino à distância, não presencial, tal como acontecera já no primeiro confinamento. Reconhecendo-se que estas decisões têm implicações diferentes, atendendo à múltipla realidade social e familiar, fomos tentar descobrir como é que a sociedade se movimentou para fazer minimizar eventuais ( e quase certos) problemas que venham a surgir. Com este sistema a ter entrado em funcionamento na passada segunda-feira, dia 8, começamos por dizer que são diversos os agentes em todo este processo, desde logo, obviamente, os alunos, os professores e funcionários, a família, as autarquias, o governo e as comunidades em geral. Em cada um destes sectores, os efeitos repercutem-se de maneiras bem diferenciadas. Se aos alunos se pede organização e concentração, aos professores se exige um trabalho redobrado, uma fértil imaginação e um empenho quase sem limites, porque não se trata apenas de “dar” a matéria, mas é preciso averiguar-se se as sementes germinam em condições. Para o sucesso de tudo isto, há recursos que não podem ser esquecidos. De imediato, salta à vista a necessidade de competentes meios informáticos e aqui é que reside uma das maiores complicações de tudo isto. Quem os não tem, quem nem sequer pode aceder à internet, como vai arranjar solução para essas gritantes falhas? Veremos, de seguida, alguns bons expedientes que têm vindo a ser encontrados por entidades várias. Entretanto, cabe, neste âmbito, uma palavra muito especial para as famílias, sendo que muitas delas vivem sem grandes condições habitacionais, têm vários filhos em idade escolar, não podem deixar de trabalhar, ou, se isso acontecer, as fontes de rendimento podem mesmo entrar em colapso. Será também preciso pensar-se nos alunos com necessidades educativas especiais e atender, em todos os aspectos, às diversas idades e graus de ensino. Nuns casos, por exemplo, os jovens terão uma maior apetência para estes métodos, enquanto que as crianças talvez nem tanto. Assim sendo, nada pode ser igual nas aulas em causa. Depois, coloca-se ainda um outro pormenor: será que os tempos têm de ser síncronos, isto é, à mesma hora para um qualquer ano e disciplina, ou assíncronos, com as matérias a serem então tratadas mais caso a caso? Com uma profusão de temas a deverem ser encarados, que não cabem nestas breves considerações, o essencial, contudo, é que as desigualdades se não agravem e os conteúdos cheguem a quem se destinam e os motivem para o trabalho, bem dito, para o trabalho, porque a escola também é isso mesmo. Para termos uma ideia do número de alunos da nossa região de Lafões e de cada um de seus três concelhos, Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul e Vouzela, vejamos estes dados, relativamente aos sistemas públicos e particulares: - Pré-Escolar – Oliveira de Frades – 205 alunos (2019); S. Pedro do Sul – 244 (2019); Vouzela – 189 (2019) - 1º Ciclo – Pela ordem dos concelhos - 344 – 470 (2019) – 278 (2019) - 2ª Ciclo – 166 (2019) – 217 – 131 - 3º Ciclo – 335(2019) – 459 – 308 - Secundário – 277 (2019) – 512 – 379 - Professores – 159 (2019) – 282 – 192 Em apoios sociais, o município de Oliveira de Frades forneceu 53 tablets para alunos, disponibilizou os computadores portáteis para a comunidade no Centro Escolar, doou uma verba aos docentes para fins diversos e ainda transportes e recursos humanos para fazer chegar aos alunos todos os meios. Quanto a S. Pedro do Sul, além do equipamento informático diverso doado ou emprestado, a Câmara Municipal passa a dotar de transporte para as escolas os alunos de zonas remotas sem acesso à Internet, dando ainda atenção a quem necessite de terapias especiais. Já Vouzela, por via também municipal, face a 111 alunos sem computador e 25 sem internet, foram cedidos 62 equipamentos, fazendo-se também a ligação respectiva para os alunos beneficiários da ASE. Entretanto, o Governo já colocou nos seus destinatários 100 mil computadores dos 1500 000 que havia prometido, vindo a caminho destes cerca de 350 mil. Porém, também as organizações de docentes não deixam de fazer sentir as suas queixas quanto à necessidade de dotar os colegas desses materiais, porque deles carecem. Num mundo diferente, que a pandemia assim obriga, a escola vive, uma vez mais, um tempo de incertezas, mas de confiança, simultaneamente. Que tudo isto passe depressa e que a normalidade regresse, de vez, eis quanto desejamos. Fortemente. Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Vouzela”, Fev 2021

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