quinta-feira, 26 de março de 2009

A lavoura na capital

De mãos calejadas e fatiota nova, os agricultores e seus apoiantes puseram-se em marcha e vieram parar a Lisboa, capital das decisões, mas, praticamente, terra de actividade reduzida em redor da lavoura. A única função que aqui é exercida é aquela que depende do poder do Ministério da Agricultura, dos órgãos nacionais de gestão dos fundos comunitários, dos deputados e de quem manda. Mas estas são razões mais do que suficientes para se deixarem as propriedades e se ir até à Assembleia da República e Palácio de S. Bento, os centros dos centros de quem tudo pode dar, ou tirar, ou, ainda, nem uma coisa, nem outra.
Foi com o intuito de colher alguns frutos que aquela gente da CNA, da pequena agricultura, como quiseram evidenciar, veio por aí abaixo e subiu por aí acima, passe a redundância.
Com a UE e a sua política tida como causadora de muitas das desgraças actuais - eles o disseram -, com os governantes em estranha desgovernação - continuaram -, era alguma a esperança de levar uma mão cheia de promessas, mas partiram, talvez, de bolsos pouco mais que vazios, pouco menos que cheios de coisa nenhuma.
Mas vieram e protestaram, que a fala ainda não paga imposto e a democracia assim o permite.
Se foi rentável esta deslocação, só mais tarde se saberá. Adivinha-se, no entanto, que os lucros são escassos, tal como acontece no seu dia a dia.
Deram um passeio e isso é já uma espécie de paga. Curta, muito curta, para as suas muitas necessidades e reclamações. Ver Lisboa com os olhos de quem sente a terra a fugir-lhe dos pés não é nada agradável, mas sempre dá para mirar uma ou outra vistaça, que no campo não aparece, em movimento, em ruas e mais ruas, carros e mais carros, prédios e mais prédios e gente, só gente, que não diz "bom dia", não dá um ar da sua graça. Mas é gente, isso é de certeza.
Hoje veio a lavoura à capital. Deus queira que a capital dela se não esqueça e vá ao seu encontro. Deus queira, repetimos, que só assim, com a sua boa ajuda, se salva um sector que anda pelos becos da amargura.

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